Primeiro discurso de Francisco evoca história cristã do país que tem de inspirar solidariedade
Cracóvia, Polónia, 27 jul 2016 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje na Polónia que o país abra portas aos refugiados que chegam à Europa, durante o primeiro discurso que proferiu em Cracóvia, convidando a “superar os medos”.
“É precisa a disponibilidade para acolher as pessoas que fogem das guerras e da fome; a solidariedade para com aqueles que estão privados dos seus direitos fundamentais, designadamente o de professar com liberdade e segurança a sua fé”, sustentou, perante autoridades políticas, académicas e civis, no Castelo de Wavel, coração histórico da cidade polaca.
Francisco falou na necessidade de um “suplemento de sabedoria e misericórdia” para analisar as questões ligadas às migrações.
O Governo da Polónia tem sido um dos mais críticos de um sistema europeu com quotas obrigatórias para redistribuição de refugiados.
O Papa apelou a “colaborações e sinergias” a nível internacional a fim de se encontrar soluções para os conflitos e as guerras que “forçam tantas pessoas a deixar as suas casas e a sua pátria”.
“Trata-se, pois, de fazer o possível para aliviar os seus sofrimentos, sem se cansar de trabalhar com inteligência e ininterruptamente pela justiça e a paz, testemunhando com os factos os valores humanos e cristãos”, sublinhou Francisco, num país de maioria católica.
Após agradecer o acolhimento do presidente da Polónia, Andrzej Duda, o Papa evocou a figura de São João Paulo II (1920-2005), o Papa polaco que tinha “o sonho dum novo humanismo europeu”.
“Sempre me impressionou o sentido vivo da história do Papa João Paulo II. Quando falava dos povos, partia da sua história procurando fazer ressaltar os seus tesouros de humanidade e espiritualidade”, confessou.
Francisco referiu que a memória de um povo tem de ser sempre positiva, aberta à “renovação e ao futuro”, e não negativa, a que “mantém o olhar da mente e do coração obsessivamente fixo no mal”.
O Papa elogiou o percurso de reconciliação entre a Polónia e a Alemanha, depois da II Guerra Mundial, bem como a aproximação ao povo russo.
A intervenção sublinhou ainda a importância de “políticas sociais” em favor da família e da defesa da vida para que esta seja “acolhida e protegida desde a conceção até à morte natural”.
“Compete ao Estado, à Igreja e à sociedade acompanhar e ajudar concretamente quem está em situação de grave dificuldade, para que o filho não seja jamais sentido como um fardo mas como um dom, e as pessoas mais frágeis e pobres não se vejam abandonadas”, prosseguiu.
No final do encontro, o presidente Duda e a primeira-dama da Polónia acompanharam o Papa ao palácio presidencial, para um encontro particular; segue-se a reunião privada entre Francisco e 130 bispos polacos, antecedido por um momento de oração na Catedral de Cracóvia.
O Papa pernoita na sede da arquidiocese, onde o Papa vai aparecer à janela para cumprimentar a multidão cerca das 20h00 (menos uma em Lisboa).
Na agenda de quinta-feira destaca-se a Missa que Francisco irá celebrar na área do Santuário Mariano de Czestochowa, perante centenas de milhares de pessoas, por ocasião dos 1050 anos do Batismo da Polónia.
Neste mesmo dia, o Papa vai saudar pela primeira vez os participantes da 31.ª Jornada Mundial da Juventude, durante um encontro no Parque de Blonia, Cracóvia.
OC