Política de apoio às famílias «é uma obrigação» do Estado

O cónego João Aguiar defendeu nas III Jornadas da Família, organizadas pela Pastoral Familiar das paróquias de Santo Adrião e Brufe, em Famalicão, que uma política de apoio às famílias é uma obrigação dos governantes. «A afirmação que a responsabilidade da família é responsabilidade de todos leva-nos a estar de pé perante o Estado e perante os Governos e dizer- lhes que uma política de apoio às famílias não é um acto de boa vontade, é uma obrigação», salientou o presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença. Perante a plateia que encheu o auditório do Centro Pastoral de Famalicão, o sacerdote, que já foi director do Diário do Minho, frisou ainda que as famílias portuguesas têm de deixar de mendigar aquilo a que têm direito e que merecem. Na sua opinião, a família tem que «exigir políticas de família». «Temos de deixar de olhar para os partidos como algumas instituições em quem votamos, para passar primeiro a ler e depois a decidir se é aquilo que queremos. Não leiam um programa de um partido para saber o que hão-de pensar. Leiam-no para saber se eles pensam aquilo que vocês querem. Nós andamos ao contrário », acrescentou. Por outro lado, João Aguiar incitou também a família cristã a falar e a tornar-se no que é porque, se ela se calar isso quer dizer que aceitou que os outros a mudassem. Referindo- se ao tema das jornadas, o sacerdote disse ter ficado sossegado quando viu a palavra família no singular. «Hoje, de facto, há muita gente a acrescentar à família um “s”. Muitos falam de famílias. É uma forma, sub-reptícia, de negar o modelo da família fundada sob o matrimónio, como comunidade de amor e de vida entre um homem e uma mulher. Daí que não é inocente pormos o “s” ou tirarmos o “s”», realçou. Segundo explicou, na política já começaram a falar das famílias, que não é, de certeza, a família cristã, cujo modelo foi estabelecido por Deus. Assim, sustentou, a família é a célula base da sociedade, «pois que o Criador de todas as coisas constituiu o matrimónio princípio e fundamento da sociedade humana». Na sua comunicação, o sacerdote, depois de explicar que a família é dom, que exige compromisso, defendeu também a necessidade de agir. A família, disse, tem de dar prioridade ao amor e não aos interesses porque há diferenças entre estar juntos e estar unidos. Ao finalizar, João Aguiar realçou ainda que os casais têm três altares, onde são sacerdotes, profetas e reis. «Têm o altar da Eucaristia. Têm o altar da mesa em família, a cujo banquete presidem e fariam bem se o iniciassem com uma oração. E têm o altar do leito conjugal», disse. Estas jornadas contaram também com a intervenção de José Luís Ramos Pinheiro, gerente da Rádio Renascença, que se deslocou a Famalicão para falar do compromisso de vida familiar cristã. Segundo defendeu, para além dos compromissos conjugal, com os filhos, e com os familiares colaterais, é preciso não esquecer a dimensão da família na sua relação com a sociedade. Neste compromisso social, sustentou, é necessário ser capaz de praticar o que se proclama, ou seja, assumir todas as decorrências de ser cristão desde os locais de trabalho até junto dos amigos. Para José Luís Ramos, é importante perceber que o compromisso da família cristã não nasce com a constituição da família propriamente dita, mas tem que haver uma base anterior a essa constituição da família. E, essa base, salientou, é, no caso dos cristãos, o compromisso da vida pessoal com Deus. Estas III Jornadas da Família encerraram com a celebração da Eucaristia, presidida pelo Bispo Auxiliar de Braga D. Antonino Dias. Em jeito de balanço, o pároco de Santo Adrião mostrou-se satisfeito com a adesão a esta iniciativa, considerando que o número de pessoas presentes correspondeu às expectativas. Para o padre Paulino Carvalho, ao organizar uma actividade como esta pretende-se transmitir que a família é indiscutível, e é esta ideia que se quer continuar a afirmar na linha do Plano Pastoral da Arquidiocese de Braga. Agora, no final destas jornadas e com o encerramento do triénio dedicado à Pastoral Familiar, o sacerdote garante que fica o compromisso de se continuar no futuro a envolver as famílias numa actividade desta dimensão.

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