Pode contar com o nosso trabalho, querido Papa Francisco!

Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Durante meses preparamo-nos para a morte do Papa Francisco. Durante semanas, jornalistas de todo o mundo rumaram até Roma, na expectativa de que chegasse a notícia que todos queriam dar em primeiro lugar.

E quando as pastas com documentos, sons, imagens e peças prontas foram fechadas, quando os jornalistas voltaram às redações e as crises políticas nacionais e internacionais recuperaram o destaque das primeiras páginas e das aberturas dos noticiários, fomos apanhados de surpresa.

Queríamos acreditar que o Papa Francisco tinha conseguido superar as suas fragilidades

físicas e alegrámo-nos com a sua presença na praça de São Pedro, no Domingo de Páscoa. Agora, olhando para trás, percebemos que ainda conseguiu visitar os presos na última Quinta-Feira Santa, que nos deixou as suas palavras na Via Sacra de Sexta-Feira Santa, que nos deu, pela última vez, a sua Benção Urbi et Orbi.

Momentos que marcam os seus últimos dias de vida, enquanto Papa e que irão permanecer para sempre como elementos identitários da sua pessoa. O cuidado com os mais pobres e abandonados; a escrita clara e incisiva que nos pede reflexão e mudança; a bênção de Deus para todos, todos, todos, como evidência da Sua presença no mundo, uma presença que traduz cuidado, ternura e esperança.

Mas voltando ao mundo da comunicação social, a partida do Papa Francisco traz-nos à memória algumas das suas ideias e propostas que nos fizeram refletir, enquanto profissionais da comunicação. A primeira que destaco é a da importância que o Papa Francisco sempre deu à Comunicação Social. Ele que era um comunicador de excelência, nunca se cansou de elogiar o trabalho de todos os comunicadores, alargando sempre este universo para lá dos jornalistas. Mas como um bom Pai, dava um elogio e fazia uma chamada de atenção… pediu que as redações se esvaziassem, que os jornalistas, os técnicos de imagem e de som, fossem para as ruas, para as periferias e contassem o que vissem. Mais tarde, acrescentou a este pedido, a dimensão do coração, isto é, que o trabalho da comunicação social passasse pelo crivo do coração, da sensibilidade, aquele que permite humanizar, no melhor sentido da palavra, todo o trabalho de quem olha para a atualidade, a analisa e a revela ao mundo.

Na sua última mensagem, a esperança surge como meta de trabalho, pedindo mesmo que o trabalho dos comunicadores não contribuísse para dividir, gerar conflitos, alimentasse rancores e preconceitos. Olhando para o momento que vivemos, conseguimos intuir a exigência que nos é colocada… há uma frase nesta mensagem, que tenho escrita na memoria do coração: «Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade.» Não me parece que seja possível encontrar melhor desafio para o trabalho de todos os comunicadores, crentes e não crentes.

Hoje é um dia de uma imensa gratidão por tanto que recebemos do Papa Francisco, de um modo particular, por tanto que nos ensinou enquanto comunicador e por nos ter dado um lugar de referência, enquanto profissionais de comunicação social, na construção do presente e do futuro. Pode contar com o nosso trabalho, querido Papa Francisco!

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

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