Manifesto foi apresentado na conferencia anual da Comissão Nacional Justiça e Paz que juntou diversas organizações alertando para as mudanças e fragilidade do mercado de trabalho
Lisboa, 21 jan 2023 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz divulgou hoje um manifesto onde pede que todos os trabalhadores possam ter “salários que permitam superar a pobreza e promover a realização integral de cada pessoa e de cada família”.
“Verificamos como o salário que recebem muitos trabalhadores portugueses não lhes permite, a eles e suas famílias, superar uma situação de pobreza enquanto privação de recursos necessários a uma vida condigna no contexto social atual. Isso verifica-se em grande número de trabalhadores que auferem o salário mínimo, sendo que o salário médio também não se distancia muito deste. Mudar esta realidade o mais rapidamente possível deverá ser um objetivo prioritário que mobilize as empresas, a sociedade civil e as autoridades políticas”, assinala o manifesto «Salários justos contra a pobreza», enviado à Agência ECCLESIA.
Pedro Vaz Patto, na apresentação do documento, assinalou o manifesto como um “sinal de uma unidade” entre empregadores e trabalhadores, que na preparação da Conferencia foi iniciado.
“Não é um ponto de chegada mas de caminho, que pretendemos que tenha efeitos práticos. O manifesto não é apenas uma publicação, mas esperamos que tenha repercussão pública”, sustenta.
O manifesto “aplaude” todos os esforços e políticas que evitem desigualdades de níveis salariais, uma vez que se verifica “situação de baixos salários” a coexistir com “outros muito elevados, gerando acentuadas desigualdades socialmente injustas”.
As organizações signatárias do manifesto pedem que as as empresas promovam “a formação e reciclagem dos trabalhadores” que devem, por seu lado, procurar a qualificação profissional necessária, procurando desta forma também, “obter melhores remunerações”.
“Mas também não podemos esquecer a importância de remunerar justamente trabalhadores geralmente tidos por menos qualificados”, sublinham.
O manifesto recorda a “indispensável função social de profissões habitualmente mal remuneradas: o trabalho agrícola, a limpeza urbana, o apoio doméstico, os cuidados de saúde e a idosos, a ação educativa, o comércio e a restauração, entre outros”, lembrado como “essencial” em tempo de pandemia.
“Queremos também reforçar que os baixos valores protocolados pelo Estado com as instituições de solidariedade social pelos serviços prestados levam à manutenção de níveis baixos de remuneração dos seus trabalhadores e ao não reconhecimento da relevância social das suas funções”, pode ler-se.
As organizações signatárias Ação Católica Rural, Associação Cristã de Empresários e Gestores, Cáritas Portuguesa, Comissão Nacional Justiça e Paz, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica – Movimento dos Trabalhadores Cristãos e Metanoia – Movimento Católico de Profissionais afirmam o empenho em para que “o desígnio nacional prioritário” de obter salários justos seja concretizado.
LS