Pobreza: Falta de tempo gera pobres ocupados a pagar dívidas

Seminário analisa formas de recriar o país e cidadãos «hipotecados» e a alimentar um «estilo de vida que é insustentável»

Lisboa 17 out 2016 (Ecclesia) – O fundador da ‘IMPOSSIBLE – Passionate Happenings’, Henrique Pinto, disse à Agência ECCLESIA no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza que ser pobre é não ter tempo e que é necessário “novo indivíduo” para conseguir “um novo coletivo”.

“Talvez não tenhamos muito a consciência de que quem está sem tempo é pobre, está numa situação de pobreza. A pobreza não é apenas não ter roupa, dinheiro, comida, viver na rua… Pobreza não é tempo”, disse Henrique Pinto em declarações transmitida hoje no programa Ecclesia (RTP2).

Para o fundador da ‘IMPOSSIBLE’, cada pessoa e a comunidade nacional vive ocupada com o “pagamento de dívidas” e não tem tempo para se “imaginar” e “recriar”.

“Imaginando-me e recriando-me posso responder-me a mim e à comunidade a que pertenço. É esse tempo que escasseia. Andamos todos sufocados porque hipotecados, a pagar dívidas e a sair de casa para corresponder a um estilo de vida que é insustentável”, sublinhou.

Henrique Pinto defende uma “revolução interior”, um “novo indivíduo” marcado pela distância em relação à atração por “padrões de felicidade” que se baseiam na compra de “um novo carro, um novo par de sapatos, etc”, mas que “leva ao que é suficiente e necessário, não ao supérfluo”.

“Como é que alguém que vive este sufoco, porque endividados e amarrados a padrões de felicidade insustentável, como pode viver outro tipo de vida, como pode viver melhor?”, questionou o ex-diretor da CAIS.

“Socorro! Estou sem tempo” foi o tema do Seminário promovido pela ‘IMPOSSIBLE – Passionate Happenings’ no dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de outubro, onde se defendeu a necessidade de um novo modelo de sociedade.

Para Henrique Pinto, Portugal e os portugueses vivem ocupados “com a divida soberana, não têm projeto político”.

“O grande problema é ideológico-político. Não há projeto porque não temos tempo para nos pensarmos porque andamos todos atarefados a apagar dívidas e à procura do padrão de felicidade que leva todos a querer parecer”, sublinhou.

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza é assinalado também com a colocação de 22 rosas brancas “pela abolição da pobreza” sobre a laje que, na rua Augusta, em Lisboa, recorda esta iniciativa da ONU, desde 1994.

Henrique Pinto defende é necessário acabar com discursos contra a pobreza com o “dedo apontado na direção dos outros” e voltá-lo para cada um.

“Nós já lá não vamos. Nós somos os primeiros a dizer que não vamos abdicar do pouco ou muitos que temos”, advertiu.

“Esse caminho tem de ser feito por aqueles que estão no ventre das mães e dos pais, hoje, com novos conteúdos, novos professores”, defendeu.

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza assinala-se no dia 17 de outubro e foi comemorado oficialmente pela primeira vez em 1992.

PR

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Agência ECCLESIA

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