Pobreza é um «escândalo», diz o Papa

Francisco conversou com cerca de nove mil alunos de escolas jesuítas e explicou decisão de residir fora do Palácio Apostólico

Cidade do Vaticano, 07 jun 2013 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje no Vaticano com cerca de nove mil alunos e professores de escolas jesuítas, perante os quais afirmou que a pobreza é um “escândalo” e explicou porque optou por residir fora do Palácio Apostólico.

“Num mundo onde há tantas riquezas, tantos recursos para dar de comer a todos, é impossível entender que haja tantas crianças que passam fome, tantas crianças sem educação, tantos pobres”, declarou Francisco perante uma assembleia vinda da Itália e Albânia.

O Papa optou por deixar de lado o discurso “um pouco aborrecido” e sintetizou a sua intervenção de maneira informal, perante as gargalhadas da assistência, disponibilizando-se depois para responder a algumas perguntas dos presentes, que trataram Francisco por ‘tu’.

Uma criança perguntou a Francisco porque é que optou por residir na Casa de Santa Marta e não no Palácio Apostólico, entre outras decisões, e se isso era uma “renúncia à riqueza”.

“Penso que não se trata apenas de algo que tenha a ver com a riqueza. Para mim é uma questão de personalidade, eu preciso de viver no meio das pessoas e se vivesse sozinho, isolado, não me sentiria bem”, confessou.

O Papa acrescentou que a mesma questão sobre a sua residência lhe tinha sido feita por um professor e que lhe respondeu: “Ouça, professor, por questões psiquiátricas”.

“É a minha personalidade. O apartamento (pontifício) também não é assim tão luxuoso, mas não consigo viver só”, acrescentou, a sorrir.

Francisco partiu desta questão para abordar o tema da pobreza, afirmando que esta é “um grito”, hoje.

“Todos temos de pensar em tornar-nos um pouco mais pobres”, defendeu, o que implica “não ter tantas coisas”.

“Quero dizer-vos a todos vós, jovens: Não deixeis que vos roubem a esperança. E quem vos rouba a esperança? O espírito do mundo, as riquezas, o espírito da vaidade, a soberba, o orgulho”, advertiu.

O Papa disse, por outro lado, que “não se pode falar de pobreza abstrata” e que é preciso vê-la “na criança que tem fome, no doente, nas estruturas sociais injustas”.

Outra criança perguntou a Francisco se mantinha o contacto com os seus amigos de infância e o Papa lembrou que só estava no Vaticano há dois meses e meio e que eles estão “longe, a 14 horas de avião”.

“Não se pode viver sem amigos”, declarou.

Outra aluna perguntou a Francisco se queria ser Papa, ao que este respondeu que “não”.

“Uma pessoa que quer ser Papa não gosta muito de si, Deus não o abençoa”, gracejou.

O encontro começou com uma série de testemunhos, apresentações de música ao vivo e com a leitura de algumas cartas dirigidas a Francisco.

O Papa argentino, ele próprio jesuíta, disse que no trabalho da Educação o essencial é “ter o coração grande, grandes ideais” e promover valores centrais como “a liberdade e o serviço”.

“Liberdade é saber refletir, avaliar o que é bem e o que é mal, e optar sempre pelo bem. Escolher o bem fará de vós pessoas com uma espinha dorsal forte, que sabem enfrentar a vida com coragem e paciência”, precisou.

Antes de terminar, o Papa encorajou os professores e pais: “Educar não é uma profissão, mas uma atitude, um modo de ser”.

Francisco admitiu que esta missão pode exigir “novas formas de educação não convencionais”.

OC

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR