Pobreza e desemprego preocupam CNJP

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) dedicou a sua mensagem de Quaresma de 2010 às problemáticas suscitadas pela actual situação económica.

No documento divulgado na página oficial deste organismo católico sublinha-se que “o tempo da Quaresma não pode deixar de estar marcado por três realidades que preocupam os cristãos e os homens e mulheres do mundo em geral”, ou seja, a crise, a pobreza e o desemprego.

Após sublinhar que a crise “ainda atinge muitas famílias no país e no mundo”, a CNJP deixa um alerta: “quanto mais o tempo avança, mais nítido se torna que algumas das causas da crise se estão reconstituindo e, com elas, os riscos contidos na situação anterior à crise”.

Mais à frente, a respeito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, pode ler-se que “quando as causas da pobreza e da exclusão sejam identificadas e compreendidas, ver-se-á que esses males sociais não existem por acaso, nem têm solução através da utilização de «sobras»”.

Num olhar mais global, a CNJP manifesta o receio de que “os governos dos países mais ricos, preocupados com os problemas que a crise suscita nos respectivos países, se esqueçam das respectivas obrigações para como os países pobres”.

Desemprego e precariedade

A mensagem dedica uma atenção particular ao “grave problema do desemprego e do emprego precário, que vem atingindo cada vez mais trabalhadores e trabalhadoras do nosso país”.

A este respeito, a CNJP defende que “o apoio assistencial (público ou privado), sendo indispensável para ocorrer a situações de privação, deve sempre considerar-se temporário, porque a verdadeira solução para o desemprego é o regresso (ou ingresso) ao mundo do trabalho”.

O documento condena ainda o progressivo “enfraquecimento de valores de referência, a generalização de comportamentos individualistas, a debilidade na reflexão e na assumpção da responsabilidade de intervir”.

Em conclusão, a Comissão diz que é preciso altera “um estilo de vida insustentável em face dos recursos que requer, materiais, financeiros e de tempo; e insensível à pobreza e às desigualdades de rendimento e de riqueza”.

“Pelo que respeita às relações laborais e à situação salarial dos trabalhadores, o unilateralismo do poder de decisão acentuou-se em contexto declaradamente neoliberal e confiante nas virtudes do mercado”, aponta a mensagem.

Para a CNJP, a crise “deu visibilidade ao que não soubemos ou não quisemos ver, e seria uma oportunidade perdida se não tirássemos dela as lições que contém”.

A Comissão Nacional Justiça e Paz, presidida por Alfredo Bruto da Costa, é um organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa, criado com a finalidade genérica de promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja. A Comissão actua sob a sua própria responsabilidade, não vinculando a hierarquia com as suas actividades e tomadas de posição.

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Agência ECCLESIA

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