Segundo um estudo do Centro de Estudos Sociais, o desemprego tem contribuindo sobremaneira para o aumento da pobreza na região de Coimbra, neste momento um dos distritos mais pobres de Portugal. Muitos dos trabalhadores por conta de outrem recebem menos de 500 euros por mês que contribuiu também para a pobreza registada no referido estudo. Para além dos números divulgados, o documento apresenta propostas para a elaboração de um plano de desenvolvimento social estratégico em concertação com os actores institucionais e com os cidadãos. Segundo o sociólogo Pedro Hespanha, “a sociedade tem de olhar para a situação e parar de desqualificar os trabalhadores manuais e de sobrevalorizar os títulos académicos”. No mesmo sentido, o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, o Padre Jardim Moreira, fez um apelo à “coragem dos partidos”. “Temos de criar um novo paradigma social. Subsídio, rendimento mínimo e futebol são a «chapa batida» do império em ruína”, ironizou. Entre 2000 e 2005, o número de desempregados no distrito aumentou 54 por cento entre os homens e 21 por cento entre as mulheres, revela um estudo do Centro de Estudos Sociais. Segundo os dados recentemente divulgados, a população feminina e os adultos dos 35 aos 54 anos são os mais afectados. O termo de contratos é apontado como motivo mais frequente da ruptura do vínculo laboral. Em Soure, o desemprego masculino quase duplicou durante o período considerado, registando um aumento de 94 por cento. Por sua vez, entre as mulheres, é Mira o concelho que apresenta resultados mais críticos, com um acréscimo de 43 por cento no desemprego feminino, indica o estudo coordenado pelo investigador Pedro Hespanha. Os resultados apontam também para a diminuição simultânea das ofertas de emprego e da taxa de preenchimento dos lugares disponíveis. De acordo com dados relativos a 2005, o número de colocações efectivas entre os desempregados registados no distrito situava-se nos 14 por cento, ficando por satisfazer cerca de 39 por cento das vagas. Por outro lado, o estudo conclui que mais de metade dos desempregados não recebe qualquer subsídio decorrente da sua situação laboral. Em Dezembro de 2004, a percentagem média de subsidiados entre os homens atingia os 48,7 por cento, valor que decresce para os 41,9 por cento quando considerado o desemprego feminino. Já no que respeita aos níveis de pobreza, os dados respeitantes a 2005 denunciam uma prevalência no distrito de situações de privação extrema superior à percentagem nacional. À data, existiam em Coimbra 8576 pessoas beneficiárias do Rendimento Social de Inserção (índice de pobreza extrema), perfazendo 1,9 por cento da população residente, valor que supera em quatro pontos percentuais o resultado nacional. Segundo o Centro Distrital da Segurança Social, metade desses subsidiados tem menos de 18 anos. Miguel Cotrim – Correio de Coimbra