Pobreza: «A Igreja deve denunciar mais, tantas situações que põem em causa a dignidade da pessoa humana» – Padre Tiago Eira

Conferência de Francisco de Assis, Presidente do Conselho Económico e Social, elencou desafios demográficos, judiciais, habitacionais e nas migrações

Foto: Lusa

Vila Real de Santo António, 23 nov 2023 (Ecclesia) – O padre Tiago Eira, pároco em Monte Gordo, na diocese do Algarve, afirmou hoje a necessidade de a Igreja não se distanciar dos problemas quotidianos das pessoas.

“Na Igreja temos a necessidade que temos de estar abertos aos problemas do dia-a-dia das pessoas. A nossa pregação não pode ser abstrata mas tem de cair na terra e ser um alívio ao coração das pessoas que passam tantas necessidades e privações. Estes encontros ajudam a que a Igreja se aproxime das pessoas, sem deixar de dar o horizonte do céu”, traduz um dos responsáveis pela conferência que chamou Francisco de Assis a refletir sobre «O lugar da Igreja face aos desafios socioeconómicos hodiernos».

O presidente do Conselho Económico e Social (CES) esteve em Monte Gordo, na noite de quarta-feira, diagnosticando a situação frágil que Portugal enfrenta decorrente de “mutações sociais e económicas que afetam pessoas que todas as idades”.

Os desafios económicos e sociais identificados por Francisco de Assis centraram-se na demografia, na justiça, na habitação e nas migrações, “realidade cara a este território que acolhe muitos migrantes.

Sem “soluções técnicas”, a Igreja, explica o pároco, tem “uma doutrina e é esta doutrina que temos de destacar”.

“É a partir dela que devemos denunciar e concretizar através das obras sociais que a Igreja tem. Não podemos ficar na palavra, mas este é um elemento essencial que dispomos”, reconhece.

O padre Tiago Eira indica ainda o papel que as religiões têm num lugar de “concertação social”.

“O CES é um lugar de diálogo entre patrões, sindicatos, partidos políticos e sociedade civil e as religiões têm uma dimensão essencial de ação social”, refere.

O responsável indica ainda a importância de a Igreja “estar aberta a escutar todos” para perceber como deve estar no mundo.

“A escuta de pessoas credenciadas, mesmo que não professem a mesma fé, mas que participem em momento de diálogo, são importantes. Um ateu se for sério vai escutar o que a Igreja diz; assim como os crentes devem escutar o que os outros têm a dizer. Francisco de Assis, uma pessoa que não é descrente mas não se assume como crente, fez um diagnóstico e alertou-nos para as dimensões da crise. A Igreja deve denunciar mais tantas situações que põe em causa a dignidade da pessoa humana”, sublinhou.

A conferência foi organizada no âmbito do VII Dia Mundial dos Pobres, que se assinalou no passado dia 19 de novembro.

“ O Dia Mundial dos Pobres foi uma ideia muito feliz do Papa Francisco. E este ano, abordando dois temas cruciais, a dimensão do trabalho e da dignidade da pessoa humana, o Papa toca na centralidade da pessoa, que hoje está em risco”, lamenta.

LS

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Agência ECCLESIA

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