Pobres engordam Banco Mundial

Os países em desenvolvimento estão a dar mais dinheiro ao Banco Mundial do que recebem. Segundo “Social Watch Report 2006”, um relatório apresentado em Singapura em meados de Setembro, as transferências líquidas (financiamento menos re-pagamentos e pagamentos de juros) do Banco Mundial e do Banco para a Reconstrução (BIRD) apresentam um saldo negativo desde 1991. Significa que todos os anos os países pobres têm que pagar mais (centenas de milhar de milhões de euros), do que recebem para ajuda ao desenvolvimento. Este dinheiro vem do pagamento da dívida e das transferências e fuga de capitais dos países pobres para os países ricos. As transferências “prejudicam a mobilização dos recursos domésticos, reduzem o investimento local, enfraquecem o crescimento e desestabilizam os países pobres”. Por outro lado as entradas em forma de ajuda, de empréstimos ou de capital privado são, muitas vezes acompanhadas de restrições, que “enfraquecem o exercício da democracia e destroem os esforços para reduzir a pobreza e atingir o desenvolvimento sustentável”. O Banco Mundial é presidido por Paul Wolfowitz, ex-vice-secretário de Defesa da administração Bush. Iniciou agora uma campanha de relações públicas em torno dos bons métodos de governo (good governance). Tem o objectivo de mascarar a sua agenda neo-liberal de “desregulação”, privatizações e fim dos subsídios estatais a serviços públicos essenciais. A intenção é passar a ideia de que o dinheiro de ajuda ao desenvolvimento é desviado pela corrupção que vigora em muitos dos países pobres. Mas o relatório, acima referido, afirma que “pelo menos um quarto da dívida dos países pobres é odiosa e ilegítima na origem, porque o dinheiro foi entregue a ditadores ou outros regimes ilegítimos, como o do “apartheid” da África do Sul”. Nesse tempo, o Banco Mundial não olhava para os métodos de governo destes países, nem deixou de exigir os juros. “Muito deste dinheiro foi desviado e nunca chegou aos países a quem foi emprestado”. E acrescenta: “Nos últimos 23 anos, excepto em três, os países em desenvolvimento pagaram mais dinheiro em juros, pagamentos, penalizações e multas em relação à dívida antiga, do que receberam de dinheiro novo”. E conclui: “Apesar de quase todos os países pobres terem pago mais do que receberam de empréstimos, as suas dívidas continuam a crescer e a retirar recursos de gastos fundamentais com a saúde e educação”.

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Agência ECCLESIA

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