Projecto visa melhorar vida dos alunos e proporcionar receitas ao Instituto da Imaculada Conceição, afectado por corte de verbas atribuídas pelo Ministério da Educação
Lisboa, 04 Jan (Ecclesia) – O Instituto da Imaculada Conceição, em Lisboa, quer construir um jardim de plantas aromáticas e condimentares para melhorar a qualidade de vida dos seus alunos, mas até agora só reuniu um quarto do montante necessário.
Os estudantes “já fazem cerâmica e pintura” e este projecto, denominado ‘Semear o Futuro’ vai ser uma “inovação” que vai trazer “mais futuro” a nível de emprego para os jovens, explicou à Agência ECCLESIA a directora daquele organismo da Igreja Católica, irmã Ana Rosa do Espírito Santo.
Os autistas e jovens com dificuldades cognitivas integrados no Instituto fundado há 76 anos pela Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada “não podem gerir as coisas sozinhos” e “alguns não se interessam pelas actividades”, refere a religiosa.
Todos os alunos precisam de “uma pessoa ao seu lado” para se estimularem, “sobretudo com trabalhos manuais”, de modo a “irem-se entretendo” para depois “serem úteis e sentirem-se bem”, salienta a professora do Ensino Especial.
“São jovens que estão no seu mundo, precisando continuamente de quem os estimule para começarem a descobrir o exterior. Estão metidos neles próprios e não querem saber do resto”, descreve a irmã Ana Rosa.
As actividades no jardim dirigem-se aos 20 inscritos no Centro de Actividades Ocupacionais, valência atribuída em Setembro de 2009 pela Segurança Social com o objectivo de educar alunos desde os 16 anos provenientes do Instituto da Imaculada Conceição e de outros estabelecimentos.
A iniciativa ‘Semear o Futuro’ precisa de cem mil euros, a serem repartidos com as três entidades parceiras: Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural, que assegura a formação dos alunos e monitores, Divisão de Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa e Junta de Freguesia dos Prazeres.
O projecto, que até agora reuniu 25.200 euros, está integrado na ‘Bolsa de Valores Sociais’, plataforma destinada a doadores dispostos a apoiar organizações com trabalhos relevantes e resultados comprovados nas áreas da educação e empreendedorismo.
A irmã Ana Rosa salienta que a iniciativa, além de pretender proporcionar “melhores condições de vida” aos jovens, vai servir para gerar receitas através da venda dos produtos.
O Ministério da Educação cortou em Setembro cinco mil euros mensais na verba concedida ao instituto, que acolhe um total de 62 crianças e jovens.
“Muitas famílias não têm meios financeiros e nós também estamos com muitas dificuldades porque não temos o apoio que devíamos ter”, queixa-se a religiosa de 65 anos.
O quadro de pessoal do Instituto é constituído por 30 funcionários, dedicados ao apoio a crianças e jovens a partir dos 3 anos com necessidades especiais, educativas e ocupacionais, em regime de semi-internato e com Lar de Apoio.
Desde Janeiro de 2003 que a instituição depende da tutela do Ministério da Educação no que diz respeito ao Ensino Básico, e da Segurança Social para o Lar de Apoio ao Centro Socioeducativo.
RM