Pintura e desenho em exposição na terra de Malhoa

Figueiró dos Vinhos dá a conhecer tesouros da arte ocidental entre o Barroco e a Abstracção Nascido em 1855 nas Caldas da Rainha, o pintor José Malhoa fez a carreira artística em Lisboa, mas escolheu como poiso privilegiado para trabalhar Figueiró dos Vinhos, uma vila do distrito de Leiria, famosa pela beleza das suas paisagens de montanhas verdejantes, entrecortadas pelos vales férteis onde corre o rio Zêzere. Foi aqui que o grande mestre do Naturalismo fez construir a sua casa-oficina, o Casulo, onde viria a falecer em 1933. Terra de artistas, como Simões de Almeida, Tio e Sobrinho, e Henrique Pinto, Figueiró tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, uma actividade intensa para a valorização do seu património cultural, em especial o ligado à pintura e à escultura. O município adquiriu recentemente, após longos anos de degradação, o Casulo, e promove todos os anos, no Casino Figueiroense – Casa da Cultura (uma instituição a que pertenceu Malhoa e que fica defronte da sua antiga casa), um ciclo de exposições plásticas de qualidade.

Depois das iniciativas dedicadas à pintura e ao desenho portugueses da época naturalista, a exposição que abre as portas ao público, no próximo dia 20, pelas 17 horas, intitula-se Atmosferas, Pessoas, Narrativas: Um Relance sobre a Arte do Ocidente (Séculos XVII-XX) e oferece uma perspectiva deveras interessante da prática artística contemporânea, do Barroco à Abstracção. O objectivo, agora, é o de propor uma visita às grandes correntes da arte ocidental, através de três temas fundamentais – a paisagem, o retrato e a pintura de história. Para este efeito, escolheu-se uma panóplia de obras de mestres entre os meados do século XVII e 1950, numa selecção que une a qualidade plástica ao valor documental, permitindo lançar um olhar muito fresco sobre o fenómeno artístico.

Entre os autores escolhidos destacam-se dois nomes maiores da cultura francesa: Louis Watteau, o célebre Watteau de Lille, a quem se deve a criação de um género novo, a festa galante, representada em Figueiró dos Vinhos por um quadro ao ar livre, da fase final da sua carreira; e Théodore Géricault, excepcional introdutor da liberdade expressiva romântica na pintura europeia, cuja paixão pela animalística – a figuração dos animais – é bem patente, nesta exposição, graças à obra Na Estrebaria, uma jóia da arte lumínica. Mas a iniciativa promovida na terra de Malhoa tem muitos outros atractivos, como um Estudo de Jovem de Sir Edward Burne-Jones, vulto cimeiro do Simbolismo britânico, ou Nu Feminino, do excepcional pintor franco-suíço Félix Valloton.

A selecção efectuada, ambiciosa na sua escala, ultrapassa as fronteiras da Europa, incluindo artistas como o japonês Tokusaburo Kobayashi, que divulgou a paisagem ocidental no seu país, depois de ter estudado em Paris, dando origem a uma inédita síntese entre o Oriente e o Ocidente, ou o norte-americano Frederick Arthur Bridgman, divulgador de um exotismo muito exuberante em composições históricas alusivas ao Egipto e à Núbia. Portugal encontra-se representado por obras de Francesco Bartolozzi, o fundador de uma das primeiras academias de arte em Lisboa, nos finais do século XVIII, que foi um desenhador de excepção, como o prova a obra A Toilette de Vénus, e Rafael Bordalo Pinheiro, de que se pode ver um retrato do pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro.

Esta iniciativa, inserida no programa das Festas do Dia do Concelho de Figueiró dos Vinhos, resulta de uma parceria do Município local com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e é comissariada por José António Falcão e Fernando Pires. Encontra-se patente até 31 de Agosto de 2009.

 

Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja

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