Pessoas e instituições

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

A festa das vitórias e as análises em ocasiões de derrota confirmam a crescente polarização de referências sociais e mediáticas em torno de pessoas, não tanto das instituições que representam. Nomeadamente no mundo do futebol: um jogador é mais nomeado e objeto de louvores ou condenações do que uma instituição, o clube de competição ou a seleção que representa. São esses os indicadores revelados, por exemplo, pelas comunidades das redes sociais: enquanto Cristiano Ronaldo tem mais de 27 milhões de seguidores na rede social Twitter, o Real Madrid ultrapassa apenas os 11 milhões. 

O realismo destes números não interpela apenas estratégias de comunicação, mas todo o ambiente habitado por pessoas e instituições. Hoje são sobretudo pessoas, líderes que se transformam em referências de uma comunidade. Nos vários setores da sociedade, emergem mulheres ou homens com força comunicativa capaz de transmitir mensagens e inaugurar novas atitudes.

Para a Igreja Católica, uma instituição entre muitas outras que habita o ambiente também digital que marca a atualidade, a mudança em curso será uma oportunidade na medida em que for um meio para chegar à Pessoa que soube inaugurar uma nova era na História da Humanidade e propor novos comportamentos de forma “viral”.

Há dois mil anos, tudo aconteceu em torno de Jesus Cristo. As Suas mensagens depressa tiveram muitos seguidores e outros tantos gostaram dos Seus gestos. A instituição veio depois, mostrando rapidamente que nunca poderia esconder o convite que marcou o início de uma nova rede: “segue-Me!”

A este desafio do primeiro anúncio sucedeu uma ambiguidade logo no segundo. “Eu sou de Paulo”, “eu sou de Pedro…” são afirmações que se podem ler nos relatos das primeiras comunidades cristãs, denunciando divisões espontaneamente ultrapassadas pela certeza de que, em qualquer contexto, todos são seguidores do mesmo “perfil”. Assim aconteceu ao longo de dois mil anos. Assim tem ser também agora, nomeadamente quando se recebe uma "ordem” para alargar esta rede.

A fraqueza das instituições, pelo menos aparente, e a força de lideranças, em torno de um perfil digital, é uma oportunidade para ajustar tudo e todos na identidade e verdade que a ambos sustenta. É essa a única via para se tornarem relevantes na atualidade. As pessoas e as instituições.

E vem do Twitter um indicador que o confirma. Desta vez do Papa: Bento XVI inaugurou uma conta na rede social dos 140 carateres com um perfil que não era designado pelo seu nome, mas por "@Pontifex". E Francisco deu-lhe continuidade, chegando agora a 14 milhões de seguidores. Uma forma de aproximar pessoas e instituições! De fazer "pontes" com a Pessoa que todos devem estar "seguindo".

Paulo Rocha

 

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