Pai de «iron brothers» participou no encontro promovido pelo Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência sobre a catequese
Lisboa, 29 out 2020 (Ecclesia) – O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência promoveu esta quarta-feira um encontro sobre o tema da catequese, que alertou para a necessidade da participação das famílias e do acolhimento nas comunidades de todas as crianças e jovens.
Fernando Ferreira Pinto partilhou a experiência de 32 anos com um filho com paralisia cerebral, afirmando que ele “sempre acompanha” a família em todos os momentos, também na comunidade paroquial, o que permite que se sinta integrado e um “cristão de corpo inteiro”.
“Se os pais as esconderem em casa, nunca serão crianças felizes, se os pais não levarem a conviver com outras crianças, com outras pessoas, não serão crianças felizes”, afirmou o professor e vice-reitor na Universidade Católica Portuguesa.
Ferreira Pinto considera que “tratar as pessoas com paralisia cerebral é um grande desafio, também na catequese, porque é difícil adequar às circunstâncias de cada um todos os aspetos da catequese”.
O pai do Pedro recordou o percurso de catequese realizado no Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian e disse que o filho “aprendeu a rezar, a confessar-se e, a partir daí, ficou feliz por ser um cristão de corpo inteiro”, tendo recebido a Primeira Comunhão e o Crisma, aos 23 anos.
O percurso da educação cristã é uma das dimensões da integração do Pedro na sociedade, a que se junta também a participação no desporto integrado na prova “iron brothers” que faz com o irmão mais velho.
“Tenho muita vaidade nos meus filhos”, afirmou Fernando Ferreira Pinto.
O encontro promovido pelo SPPD, no ambiente digital, teve por tema «Tenho uma deficiência. Catequese, onde estás?» e foi a oportunidade de partilhar projetos em curso que adaptam o percurso catequético às circunstâncias de cada pessoa, alertar para a necessidade de formação de catequistas e da sensibilização e conversão das comunidades onde se inserem.
Para D. José Traquina, o acolhimento, a socialização e o afeto deve marcar o percurso de educação cristã de todas as crianças e jovens, sublinhando a “dimensão do afeto” no relacionamento com pessoas com deficiência.
“A criança chega a Jesus pelo afeto. Não há catequese para transmitir conhecimentos, mas para se assumir uma relação de afeto, de amizade, com Jesus”, afirmou.
O presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social e Mobilidade Humana, onde se integra o SPPD, lembrou que “a pessoa com deficiência é um apelo da comunidade, do grupo que humaniza e evangeliza”.
“Que consigamos na catequese, a nível nacional, nas dioceses e paróquias, fazer mais do que fazemos e dar a atenção às famílias e às suas crianças com deficiência”, disse o bispo de Santarém.
O diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), órgão da Conferência Episcopal Portuguesa que coordena a catequese em Portugal, participou no encontro e disse que “há sempre muito trabalho a fazer na educação”, nomeadamente a pensar nas pessoas com deficiência.
“Há aqui desafios que enquanto SNEC queremos assumir e dar passos para fazer o que o diretório par aa catequese nos pede com muita firmeza: a pessoa com deficiência tem de ter todas as condições para a plenitude da vida sacramental”, afirmou Fernando Moita.
No fim do encontro, foi anunciado que no dia Internacional da Pessoa com Deficiência, 3 de dezembro, vai ser realizado um momento de oração a nível global, através das redes sociais, que terá a participação de Portugal através do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência e do Secretariado Nacional da Educação Cristã.
PR