Bispo auxiliar de Lisboa pediu que Estado olhe para os cuidadores e que catequese e espaços comunitários sejam lugar de inclusão e ação dos mais frágeis
Lisboa, 05 dez 2022 (Ecclesia) – O bispo auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes afirmou a importância de as pessoas com deficiência se sentirem “plenamente acolhidos” e participantes “ativos” nas paróquias, associações e comunidades.
“Senti-vos membros vivos da Igreja. A vossa presença e a vossa participação são importantes, porque na vossa debilidade e fragilidade escondem-se tesouros capazes de renovar as nossas comunidades cristãs”, assinalou na celebração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que aconteceu na paróquia de Nossa Senhora da Salvação, em Arruda dos Vinhos.
O responsável, numa homilia enviada à Agência ECCLESIA, não esqueceu as famílias, “cuidadoras” que se dedicam “com amor à missão de cuidar” e que testemunham “que cada pessoa humana é preciosa e tem um valor que não depende do que possui nem das suas capacidades, mas de ser pessoas, imagem de Deus”.
“Se a deficiência ou a doença torna a vida mais difícil, para vós é claro, como o deveria ser para todos, que ela não é menos digna de ser vivida, e vivida com dignidade até ao fim. Cuidar não é só um gesto unilateral, mas uma troca de dons, em que a pessoa deficiente não só recebe, mas também dá, e, por vezes, dá-nos muito mais daquilo que recebe de nós, como muitos de vós têm testemunhado”, sublinhou.
D. Joaquim Mendes pediu que o Estado apoie as pessoas, as famílias e instituições que acompanham e acolhem pessoas com deficiência.
“Não podemos deixar tantas famílias sozinhas a lutar para cuidar, tratar, acompanhar os seus membros com deficiência, com grande preocupação do futuro que os espera, quando eles já não o puderem fazer. Que as pessoas com deficiência possam ter, não só um lugar especial no nosso coração, como têm no coração de Deus, mas também um lugar nas nossas comunidades cristãs e na sociedade”, pediu.
O presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família convidou ao acolhimento, “tendo para com elas os mesmos sentimentos de Cristo”, levando à inclusão de todos quantos “vivem com diversas formas de deficiência”.
“A sua vulnerabilidade não as impede de serem felizes e de se realizarem a si mesmas. Conhecemos muitas delas que, com as suas fragilidades, algumas até graves, encontraram, mesmo se com dificuldade, o caminho de uma vida boa e cheia de significado, enquanto outras, ditas aparentemente perfeitas, não o conseguem. As pessoas com deficiência ensinam-nos a enfrentar o limite e ajudam-nos a crescer em humanidade. Somos chamados não só a incluí-las, a cuidá-las, mas a reconhecer a presença de Jesus que nelas se manifesta de um modo especial e nos enriquece e enriquece as nossas comunidades como seu testemunho”, reconheceu.
O responsável convidou, na preparação e aproximação do Natal, que cada pessoa possa, aproximar-se dos mais frágeis e vulneráveis.
“Não um amor receoso e pietista, mas um amor verdadeiro, concreto e respeitador, como aquele que Jesus nos revelou com a sua encarnação. Um amor que acolhe, inclui, acompanha e ajuda a olhar o futuro com esperança”, assinalou.
As comunidades cristãs, sugeriu, devem ser lugar, “não somente de palavas, mas sobretudo de gestos para encontrar e acolher as pessoas com deficiência”, procurando incluí-las na liturgia dominical, e para que a “própria comunidade seja fonte de esperança e coragem no caminho não fácil da vida”.
D. Joaquim Mendes pediu ainda que a catequese seja o lugar para “descobrir e experimentar formas coerentes para que cada pessoa, com os seus dons, os seus limites e deficiências, possa encontrar Jesus”, procurando ultrapassar “limites físicos ou psíquicos”.
LS