Testemunho de um vaticanista Tentar pescar um documento do Vaticano que ainda não tenha sido publicado é um jogo de sorte: tanto se pode apanhar um grande peixe como uma bota velha. A ideia é defendida por John Thavis, chefe da delegação do “Catholic News Service” (CNS) no Vaticano desde 1996 e que há 20 anos faz a cobertura da vida da Santa Sé para o serviço noticioso da Conferência Episcopal norte-americana. O seu trabalho já lhe valeu vários prémios da Catholic Press Association. Thavis comentava para a CNS a recente polémica lançada pela publicação na revista italiana “Jesus” do esboço de um documento sobre normas litúrgicas com 37 proibições. Segundo este especialista, “os documentos no Vaticano podem sofrer várias metamorfoses antes de assumir uma forma final”, pelo que é difícil para os jornalistas avaliar o material que têm em mãos. No caso do badalado documento da Congregação para a Doutrina da Fé, responsáveis da Santa Sé vieram imediatamente a público defender que o texto estava a sofrer “alterações substanciais” e que o esboço apresentado pela revista estava “desactualizado”. Os documentos emanados das Congregações vaticanas têm uma gestação lenta, continua Thavis, “especialmente quando o tópico é delicado e mais do que um Dicastério está envolvido nesse trabalho”.