Diretor nacional do Apostolado do Mar defende «visão mais global» e elogia papel da Igreja junto das comunidades piscatórias
Lisboa, 08 jan 2022 (Ecclesia) – Armando Oliveira, diretor nacional da Stella Maris (antigo Apostolado do Mar), pediu uma “visão mais global” para a pesca em Portugal, num ano de legislativas e em que a ONU pede maior atenção ao setor.
“Gostaria que os nossos governantes olhassem mais para a pesca”, refere à Agência ECCLESIA, destacando as dificuldades de quem trabalha no mar para “pagar o gasóleo, os seus impostos”.
O entrevistado sublinha a necessidade de ajudar os trabalhadores e suas famílias a suportar essas despesas, para garantir a sua subsistência.
A Organização das Nações Unidas declarou 2022 como o Ano Internacional da Pesca e da Aquicultura Artesanais (IYAFA), com o objetivo de “aumentar a consciencialização sobre o papel da pesca em pequena escala e da aquicultura para os nossos sistemas alimentares, meios de subsistência, cultura e meio ambiente”.
Armando Oliveira elogia o papel do Papa e da Santa Sé na denúncia dos abusos neste setor e em defesa dos pescadores.
Um problema que se estende a Portugal, por causa das “burocracias, das exigências” e aos aumentos no preço do combustível.
“Os pescadores sentem-se frustrados, porque vão ao mar, onde se fartam de trabalhar, é uma profissão arriscada, e quando chegam a terra, para vender o pescado, não recebem o valor justo”, adverte o responsável nacional.
“Dizem-me que muitas vezes nem têm vontade de ir para o mar”, acrescenta.
Em tempo de pandemia, a atividade não parou, apesar dos riscos.
“Foi muito complicado”, admite Armando Oliveira, leigo da Diocese de Setúbal, que começou o seu serviço no Apostolado do Mar com a Exposição Internacional de Lisboa (EXPO’98) e trabalhou sempre em fábricas, ligadas aos homens do mar.
Foi nomeado diretor nacional deste serviço em 2017 e reconduzido nas funções pela Conferência Episcopal, por um período de três anos, em novembro de 2020.
O movimento procura agora um maior envolvimento dos mais jovens, por considerar que “faz falta à Igreja e também aos pescadores”.
“Temos de tentar que eles venham à igreja e que a Igreja vá ter com eles”, insiste Armando Oliveira.
O diretor nacional da ‘Stella Maris’ fala em “homens de fé”, que nem sempre participam nas celebrações dominicais, mas marcam presença nas festas próprias da gente do mar, com uma religiosidade insculturada.
“A Igreja, nesse aspeto, tem feito muito” para ir ao encontro das pessoas, incluindo nos momentos particularmente delicados dos naufrágios, realça.
O ‘Apostolado do Mar’ (Stella Maris) existe em Portugal desde 1935, de norte a sul do país; a obra pertence à Comissão da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
A rede mundial da ‘Stella Maris’ (Estrela do Mar, nome ligado à devoção à Virgem Maria), ministério da Igreja Católica, foi fundada na cidade escocesa de Glasgow, em 1920, e contava com mais de mil capelães e voluntários, quando celebrou o seu centenário.
O Ano Internacional da Pesca e da Aquicultura Artesanais está em destaque na emissão deste domingo do Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, pelas 06h00.
OC