Peru: Papa recebido em festa pelas ruas de Lima

Segunda etapa desta viagem apostólica na América do Sul

Lisboa, 18 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco chegou hoje ao Peru, onde vai encontrar-se em Puerto Maldonado com indígenas locais e também de outros países sul-americanos como a Bolívia e o Brasil, que são atravessados pela Amazónia.

A chegada do Papa argentino ao aeroporto de Lima aconteceu pelas 17h00 locais (mais cinco em Portugal), com o Papa a ser recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, e por representantes das entidades oficiais e civis do país.

“Bem-vindo ao Peru”, ouviu um Papa argentino que, apesar do cansaço da viagem, não regateou sorrisos à multidão que o acolheu e que preencheu também as ruas da cidade de Lima, centenas de milhares de pessoas que mostraram todo o seu entusiasmo, ao longo do percurso de automóvel que se seguiu, rodeado de fortes medidas de segurança.

Apesar disso, houve um momento em que um grupo de fiéis e também de jornalistas conseguiu passar o cordão policial, e chegar perto da viatura do Papa, situação que foi prontamente resolvida pelas forças de segurança.

Ao parar no centro da cidade, para realizar o resto do percurso no papamóvel até ao local onde irá descansar da viagem, Francisco foi recebido com cânticos e música, à medida que balões de todas as cores iam sendo libertados e inundavam o céu.

“Francisco, és a nossa esperança”, foi um dos cânticos entoados pelo povo peruano.

“Bem-vindo, Sua Santidade, aqui está em sua casa”, podia ler-se nos cartazes espalhados pelo caminho.

Na confluência entre as avenidas do Brasil e do Exército, o Papa benzeu a estátua erguida em honra do Imaculado Coração de Maria, uma representação de tamanho impressionante, que se ergue naquele local como a revelar a devoção que o povo peruano tem a Nossa Senhora.

Depois de deixar o papamóvel, Francisco percorreu uma parte do caminho a pé, sem se escusar a saudar, abençoar e cumprimentar as pessoas ao longo do caminho, antes de entrar dentro da Nunciatura Apostólica da Santa Sé em Lima.

Antes de seguir para dentro do edifício, o Papa rezou uma avé-maria com todas as pessoas e deixou-lhes a sua bênção, com votos de as voltar a ver dentro de algumas horas.

“E rezem por mim, não se esqueçam”, pediu ainda.

Antes de abandonar o Chile, esta quinta-feira, o Papa referiu-se à sua visita ao Peru como um país de “beleza” e “diversidade”, um tesouro que “precisa de ser preservado por todos”.

No coração desta deslocação está a situação dos povos indígenas, afetados por problemas como a exclusão social, a apropriação e exploração desmedida das terras onde ancestralmente viviam, empurrando-os para a periferia e para a pobreza, também a destruição das florestas, e dos ecossistemas, da Amazónia, por parte de grandes corporações e multinacionais, tendo como objetivo os dividendos económicos e a obtenção de matérias-primas.

Em declarações veiculadas pelo serviço informativo do Vaticano, o bispo do Vicariato Apostólico de Puerto Maldonado, D. David Martínez Aguirre, já destacou a importância deste evento para que os povos indígenas “sejam reconhecidos como protagonistas importantes”, e sejam incluídos na definição das políticas a nível nacional e mundial, e “não apenas nas que afetam os seus territórios”..

Esta sexta-feira, Francisco parte para Puerto Maldonado para se encontrar com 3500 representantes dos Povos da Amazónia no Centro Regional Madre de Dios, a que se segue um almoço no Centro Pastoral Apaktone.

Recorde-se que o Papa convocou uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica, em outubro de 2019, no Vaticano.

“O principal objetivo desta convocatória é identificar caminhos para a evangelização dessa porção especial do Povo de Deus, os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspetiva de um futuro sereno”, explicou no dia 15 de outubro de 2017.

Antes de regressar a Lima, o Papa visita Lar Principito para, ao fim do dia, encontrar-se com os membros da Companhia de Jesus, na igreja de São Pedro; já na capital, decorre o tradicional encontro com as autoridades, com a sociedade civil e com o corpo diplomático.

No dia 20, sábado, Francisco visita a cidade peruana de Trujillo (costa do pacífico), celebra a Eucaristia em Huanchaco, visita o bairro ‘Buenos Aires’, a catedral, e encontra-se depois com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas.

A visita a Trujillo termina com a celebração mariana em Virgen de la Puerta, na Praça das Armas.

No domingo, dia 21, em Lima, o Papa encontra-se com as religiosas de vida contemplativa, tem um momento de oração diante das relíquias dos santos peruanos, na catedral, reúne-se com os bispos do país na residência do arcebispo e recita a oração do ângelus na Praça das Armas.

A visita do Papa ao Peru termina com a celebração da Missa na Base Aérea Las Palmas; a cerimónia de despedida, no aeroporto de Lima, acontece às 18h00 locais, a que se segue a viagem para Roma, onde o avião papal deverá chegar às 14h15 (13h15 em Lisboa) do dia 22, segunda-feira.

Esta é a quarta deslocação do Papa à América Latina e a sua 22ª viagem internacional desde que foi eleito em março de 2013.

CB/OC/JCP

(notícia atualizada às 23h20)

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