Francisco elogia «reserva cultural» dos povos indígenas
Puerto Maldonado, Peru, 19 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Peru que a Igreja Católica conta com os povos indígenas para ter um “rosto amazónico”, projetando o Sínodo especial de 2019 dedicado à região.
“Ajudai os vossos bispos, os missionários e as missionárias a fazerem-se um só convosco e assim, dialogando com todos, podeis plasmar uma Igreja com rosto amazónico e uma Igreja com rosto indígena”, disse, num encontro com milhares de indígenas em Puerto Maldonado, no sudeste do Peru, uma região da Amazónia.
Este encontro foi apresentado pelo Papa como primeira “reunião pré-sinodal” da assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica, marcada para outubro de 2019, no Vaticano.
Francisco sublinhou que cada cultura enriquece a Igreja com a “visão duma nova faceta do rosto de Cristo”, apelando aos povos indígenas para que “plasmem culturalmente as Igrejas locais amazónicas”.
“A Igreja não é alheia aos vossos problemas e à vossa vida, não quer ser estranha ao vosso modo de viver e de vos organizardes”, prosseguiu.
O Papa apresentou a Amazónia como uma reserva da biodiversidade e uma “reserva cultural que deve ser preservada face aos novos colonialismos”.
“A família é, e sempre foi, a instituição social que mais contribuiu para manter vivas as nossas culturas. Em períodos de crises passadas, face aos diferentes imperialismos, a família dos povos indígenas foi a melhor defesa da vida”, assinalou.
A intervenção citou passagens de testemunhos de membros dos povos da Amazónia, que denunciaram abusos e exploração dos recursos naturais: “Queremos que os nossos filhos estudem, mas não queremos que a escola elimine as nossas tradições, as nossas línguas, não queremos esquecer-nos da nossa sabedoria ancestral”.
Francisco sublinhou que a educação tem de criar “pontes” e gerar uma “cultura do encontro”, entre estes povos, os Estados e também a Igreja Católica.
“Peço aos meus irmãos bispos que, como já se está a fazer mesmo nos lugares mais remotos da floresta, continuem a promover espaços de educação intercultural e bilingue nas escolas e nos institutos pedagógicos e universidades”, acrescentou.
Segundo o Papa, cabe agora aos povos indígenas definir-se e mostrar a sua identidade, através da pintura, literatura, artesanato e da música.
OC