Permear a sociedade através dos valores do Evangelho

Nota Pastoral do bispo do Algarve Meus caros diocesanos O início de um novo ano pastoral, com um novo Programa para o próximo sexénio, a ordenação presbiteral do Diácono Joel Teixeira, já no próximo Domingo, a Semana do Seminário com o Lausperene diocesano, com início no fim deste mês de Outubro e com qual queremos assinalar mais uma vez o tempo dedicado ao nosso Seminário, motivam esta minha breve exortação. 1. Programa Pastoral O mês de Setembro proporciona-nos sempre o retomar da actividade, em cada uma das nossas comunidades, para mais um ano pastoral. Sabemos que o anúncio do Evangelho não admite interrupções. É tarefa permanente da Igreja e de cada um dos seus membros. Todavia, este tempo coincide anualmente com o início de um caminho pastoral, que somos convidados a percorrer juntos, inspirados em propostas pastorais comuns, cujo objectivo primordial é ajudar-nos a anunciar Cristo às pessoas concretas, plasmar as comunidades, permear em profundidade a sociedade e a cultura através do testemunho dos valores do Evangelho. Fazei o que ELE vos disser (Jo 2,5), constitui o lema inspirador do nosso Programa Pastoral para o próximo sexénio. Queremos reafirmar a centralidade do anúncio e do testemunho de Cristo, como fundamento e conteúdo essencial de toda a nossa acção pastoral. Queremos assumir, de modo consciente e intencional, que o escutar precede o fazer; que a oração pessoal e comunitária é um elemento qualificativo de toda a programação pastoral e condição de toda a vida pastoral autêntica; que o verdadeiro agir pastoral brota duma referência permanente a Cristo, revela maior eficácia na comunhão com toda a Igreja diocesana, visa a construção de comunidades vivas e fraternas, imbuídas de dinamismo missionário. Exorto-vos a todos, meus caros diocesanos, presbíteros e diáconos, consagrados e leigos, a vós que pertenceis aos mais diversos movimentos e associações e, sobretudo, a vós que colaborais activamente, de tantos modos, na aplicação do Programa Pastoral diocesano nas vossas comunidades, a que inspireis o vosso contributo, assim como o vosso percurso pessoal de fé e de testemunho, nas propostas deste Programa. A corresponsabilidade comum na Igreja, que somos chamados a exercer de modo orgânico, de acordo com a nossa vocação pessoal, bem como a comunhão que devemos edificar e exprimir aos mais diversos níveis, oferecem-nos maior garantia de conseguirmos os diferentes objectivos que o Programa Pastoral a todos nos aponta. 2. Ordenação presbiteral A ordenação presbiteral do Diácono Joel Teixeira, neste início de um novo ano pastoral, enche-nos de alegria e constitui, estou certo, para todos nós, um sinal de esperança! Queremos acolher este novo sacerdote como um dom de Deus para toda a Igreja e, de modo particular, para a nossa Igreja diocesana; dom que deve levar-nos a um compromisso mais concreto e permanente na pastoral das vocações, tal como sugere o nosso Programa Pastoral. Não podemos esmorecer no empenho em assumirmos pessoal e comunitariamente esta opção como uma prioridade pastoral. Somos todos mediadores da proposta vocacional. Temos que passar de uma atitude de espera e de acolhimento dos que se sentem chamados, a uma pastoral da proposta directa, do convite e do chamamento pessoal; a uma pastoral mais corajosa e franca, mais incisiva e concreta, mais dirigida à pessoa e não apenas ao grupo, mais feita de envolvimento e não apenas de apelos vagos, mais provocadora do que conformada com a dificuldade actual em fazer e acolher propostas que conduzam a uma opção definitiva da vida (cf CEP Bases para a Pastoral vocacional, 2004). Exorto-vos, caros diocesanos, e encorajo-vos a que nos unamos todos nesta tarefa urgente e eclesial de promovermos na nossa Igreja diocesana a vocação ao ministério ordenado, imprescindível numa Igreja chamada a anunciar, celebrar e servir o Evangelho da esperança. 3. Semana do Seminário A Semana do Seminário, que na nossa Diocese, há muito foi alargada a duas Semanas e, mais recentemente, vimos assinalando com o Lausperene diocesano, proporciona-nos, anualmente, a oportunidade de estreitar os laços que nos unem ao nosso Seminário: laços de comunhão e corresponsabilidade eclesial, mas também de afecto e de proximidade. O Seminário, enquanto “coração da Diocese”, como referem os documentos da Igreja, deve ser naturalmente o “coração” do Bispo e de cada diocesano, ou seja deve “fazer parte” de todos nós, como um “órgão” a estimar, apoiar e ajudar para que realize plenamente a sua finalidade própria: proporcionar, a quantos se sentem chamados ao ministério ordenado, o espaço, o ambiente e os meios necessários para um adequado discernimento e uma resposta livre e responsável ao apelo de Deus. A Igreja, enquanto mãe que gera as vocações pela força do Espírito, alimenta-as e forma-as para o exercício do ministério ordenado. A presença “materna” da Igreja junto de todos os “chamados”, conduz à descoberta da história pessoal da vocação como um dinamismo de amor: amor de Deus manifestado em Cristo, que enche o coração e compromete no amor aos irmãos e no serviço à mesma Igreja. Só este amor descoberto e correspondido, tal como sugere o tema deste ano – tu amas-me? – capacita para acolher a proposta e a resposta vocacional como um dom que Deus dá a alguns para o serviço do seu Povo. Todas as comunidades eclesiais devem participar tanto no “chamamento” como no “crescimento e amadurecimento” deste dom. Uma das formas de concretizar esta participação é a oração, em particular a eucaristia e a adoração eucarística. Também este ano, queremos exprimir a comunhão de toda a Diocese com o nosso Seminário com o Lauspere, num elo ininterrupto de oração eucarística ao Senhor da messe, para que envie trabalhadores para a sua messe (Mt 9,38). Outra forma de colaborar com o nosso Seminário e que sinto necessidade de vo-la referir, diz respeito à partilha generosa de bens materiais. Como é do vosso conhecimento são muitos os encargos que pesam sobre a Diocese e a equipa que está à frente do Seminário, na formação dos nossos seminaristas (3 em estágio, 4 em Évora e 5 em Faro). Os inúmeros testemunhos do carinho que nutris pelo nosso Seminário, constituem para mim próprio e para os seminaristas e equipa responsável, motivo de estímulo em prosseguir nesta missão que é de todos, certos de que podemos contar sempre com o vosso apoio e a vossa generosidade. Faro, 1 de Outubro de 2006 † Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve

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