João Aguiar Campos, Secretariado Nacional das Comunicações Sociais
Conclui-se, no próximo dia 2 de Fevereiro, o Ano da Vida Consagrada iniciado, por vontade do Papa Francisco, em 29 de Novembro de 2014.
Não quero – nem sou capaz –de fazer o balanço deste ano entre nós. Mas partilho com gosto algumas notas retiradas de um dossiê de imprensa estes dias disponibilizado pela Conferência Episcopal Francesa.
No dossiê atraiu-me especial atenção o resultado de uma sondagem intitulada “A vida religiosa em França e os jovens” – sondagem acompanhada por um estudo efetuado junto dos consagrados com menos de 40 anos de idade: “O compromisso na vida religiosa”.
Sobre o olhar dos jovens, alguns sublinhados: metade dos jovens franceses acredita na existência de Deus e 15% deles já alguma vez se confrontaram com um eventual compromisso na vida religiosa. O estudo mostra mesmo que é, afinal, o grupo etário 50-65 anos o mais secularizado; o que os analistas explicam com os efeitos do Maio de 68.
Segundo os mesmos comentadores da sondagem, esta mostra que “estamos a viver hoje na era da pós-secularização, sendo os mais jovens os primeiros atores e portadores de uma nova sede espiritual e de uma nova visão do religioso”. Certamente, uma visão marcada por novas formas e práticas “menos institucionais e sacramentais”, mas indubitavelmente valorizáveis.
Sobre a vida religiosa, afirma-se uma imagem positiva. De facto, apenas 28% dos franceses consideram estar perante um non-sens – sendo de referir que é no grupo 18-24 anos que é mais elevado o pareço: 74%.
Boas notícias, pois. Ou seja: há terreno arável e campo disponível para a sementeira da proposta mediante o testemunho!..
Como?… Pessoalmente penso que o testemunho exige a alegria vivida no dia a adia da consagração. Mas ao encontro deste ponto de vista vem a opinião dos jovens religiosos inquiridos no segundo estudo que referi: quase todos (99%) consideram o seu compromisso como um caminho de felicidade – ainda que, de facto, nem todos vejam os religiosos felizes…
Simultaneamente, revela-se muito elevado o número dos jovens consagrados que se dizem incompreendidos pela família ou pelos amigos. Pedem, por isso, acompanhamento mais próximo e desejam uma rede de relações mais rica e diversificada e uma maior presença da comunidade crente. Nada de insólito, como se lê na Evangelii Gaudium,107, onde se valoriza a presença da comunidade cristã no germinar das vocações, assim como formação dos que são chamados e na perseverança dos que acolheram o apelo.
Iniciei este texto confessando-me incapaz de fazer o balanço do Ano da Vida Consagrada. Mas encontro na Carta Apostólica em que o mesmo foi anunciado os parâmetros para fazermos o nosso exame de consciência. Façamos as perguntas e oiçamo-nos no silêncio:
1. Ao longo deste ano, olhámos o passado com gratidão?
2. Vivemos o presente com paixão?
3. Abraçamos o futuro com esperança?
Passados estes meses,
a- Descobrimo-nos portadores da alegria?
b- Mantemos vivas as utopias?
c- Estamos disponíveis para as periferias existenciais?
d- Estamos à escuta dos apelos de Deus e da humanidade?
Faço silêncio para ouvir as minhas próprias respostas…
João Aguiar Campos