Militares portugueses e estrangeiros peregrinaram a pé e a cavalo, de 19 a 22 de março, ao Santuário de Fátima
Tudo começou na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Lisboa… O rio Tejo estava ali a dois passos. Será que ouviu as preces dos peregrinos? Naquela manhã, ainda o sol esfregava os olhos, o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Rui Valério, celebrou a Eucaristia que dava início à peregrinação militar ao Santuário de Fátima. Peregrinação ou peregrinações? Talvez o termo mais correto seja peregrinações… Uns iam a pé e outros a cavalo.
Naquela igreja contemporânea, na zona da EXPO, em Lisboa, os peregrinos ouviram as palavras de incentivo de D. Rui Valério… Um bispo que também gosta de peregrinar e que sabe que quando calcorreamos temos momentos de glória e fragilidade. Não se pense que caminhar com os pés na terra é mais fácil do que estar sentado em cima do cavalo nas etapas peregrinas.
Antes de partirem rumo à nascente… Os peregrinos tiraram uma foto de grupo junto à igreja circular. A cruz estava bem visível… As etapas são dolorosas porque o crescimento tem sempre espinhos.
Até agora foi fácil… Apesar de ser uma peregrinação militar não se ouviram tiros de partida. Em Vila Franca de Xira, os peregrinos que iam a pé até à Cova da Iria foram chamados um a um… Ali, deram início ao seu peregrinar… A primeira etapa começou logo com um obstáculo: subir e descer as escadas do viaduto pedonal. Os cerca de 100 peregrinos disseram sim e mãos (neste caso pés) à obra. O rio Tejo foi o companheiro inicial. Este percurso fluvial gosta muito de ouvir as preces dos peregrinos.
O rio em direção à foz e os militares em direção à nascente. Percursos em contracorrente. Até nesta «guerra» de esforços, os metais preciosos estavam a ganhar predominância. O prateado das águas daquele rio ibérico não convencia os peregrinos porque queriam atingir o ouro da nascente do Santuário de Fátima.
Cada um caminhava segundo o seu ritmo… Mas todos sabiam que ainda faltavam muitos quilómetros para visualizar a meta.
O Sol já subiu alguns degraus… Os primeiros efeitos já se fazem sentir… A timidez inicial vai sendo obliterada… Os peregrinos a pé não desistem do seu propósito inicial.
Passadas algumas horas, também em Vila Franca de Xira, é a vez dos peregrinos a cavalo começarem o seu percurso. Os solípedes estão a postos… Alinhados e preparados para serem companheiros daqueles peregrinos diferentes.
Todos os pormenores foram cuidados, até porque um pequeno percalço do cavalo ou de quem o monta pode ser motivo de desistência. Elegantes, poderosos e afetuosos, aqueles animais não querem deixar mal o seu companheiro de viagem.
Depois da pusilanimidade inicial… Tanto os peregrinos a pé como a cavalo encontraram o seu ritmo. Tanto uns como outros têm os seus momentos de paragem para recarregar as baterias. Peregrinar é difícil… É um caminho cheio de obstáculos até chegar à nascente. Os peregrinos a pé carregam a sua mochila… Os cavalos carregam os seus guias. Até nisto, a sintonia é visível… O esforço é a linha matricial desta caminhada em direção ao pulmão maternal de Maria. Cada passo é um ato de altruísmo.
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Acredito que passados tantos quilómetros, as metamorfoses naqueles corpos são notórias. Ninguém desiste porque tem sempre um ombro amigo que auxilia nos momentos mais frágeis. Peregrinar é um ato comunitário… Todos por um, um por todos. O esforço patente naqueles rostos é calafetado pela fé que os move. Apesar do treino diário, os cavalos não demonstram o seu cansaço… A elegância do seu caminhar consegue camuflar as dores. |