Cerca de duas centenas de pessoas participaram ontem na peregrinação à Nossa Senhora da Boa Fé, em São João de Bastuço, Barcelos, e ouviram o arcipreste lançar um veemente desafio à construção de redes de solidariedade e ajuda aos agregados mais carenciadas. Tendo presente a temática “Família Solidária”, trabalhada no pretérito ano pastoral em toda a Arquidiocese de Braga, o padre José Vilar pediu a constituição de «uma rede de colaboração que conduza ao encontro dos autênticos carenciados e leve ao exercício da verdadeira caridade». O sacerdote aproveitou a participação dos fiéis de cinco paróquias da zona de São João de Bastuço para questionar também os mais novos. «Jovens, saboreai o amor da família. Retribuí com amor aos vossos pais, irmãos e demais familiares. É aqui, com este procedimento, que se vê que cada cristão e a família são solidários, porque não trabalham para si mas para a Igreja. Ser solidário não é apenas dar esmolas, por vezes avultadas, a pessoas e instituições desconhecidas, que enriquecem à custa dos bons sentimentos de alguns cristãos menos atentos. Nem sempre quem vem bater à vossa porta com aparente sentido de caridade ou envia cartas de procedência desconhecida é quem mais precisa», alertou o arcipreste de Barcelos, antes de sustentar que «a Igreja e as instituições religiosas devidamente identificadas, famílias das diversas comunidades, atingidas por dificuldades de vária ordem, doença, desemprego, problemas sociais, esses são numerosos, por vezes não falam, e são os que mais precisam da solidariedade de todos». No alto do monte barcelense, o sacerdote referiu, por outro lado, que «o santuário é a meta e não termo da peregrinação do cristão, fomenta a prática da oração a experiência da comunhão eclesial, o espaço de contemplação e formação, torna- se caminho para mais profunda formação nas bases. Um dos frutos desta peregrinação é cada um dar-se conta da exigência de formação permanente. Cada um, por mais que tenha aprendido no passado, é sempre um aprendiz imperfeito das coisa de Deus, tanto os padres como os leigos. Estes, sobretudo os que estão mais comprometidos no serviço da comunidade cristã, mais necessidade têm de se renovarem no conhecimento das verdades divinas pela leitura, escuta e meditação da Palavra da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja e pela oração frequente, contemplativa e motivada para o serviço de Deus na Igreja e não para o serviço desta ou daquela pessoa. Todos nos damos conta de que o mundo avança». Assim, «também a vida e as convicções dos principais colaboradores da Igreja deve avançar para o sagrado e para o santuário. Só assim alguém pode servir de coração limpo e espírito recto, e com autêntica devoção a Maria, numa perspectiva de conversão ao despertar para santos propósitos », referiu o padre José Vilar, acrescentando que «a concentração de grandes massas desperta para a reflexão daquele que se dirige ao santuário para fazer festa e regressa ao pequeno santuário da paróquia, da sua família, e de si próprio, numa viagem de avaliação da própria vida, investindo no desejo contínuo de renovação».