O responsável chinês para os assuntos religiosos admitiu que a China e o Vaticano estão a negociar a normalização de laços diplomáticos e que Pequim poderá aceitar “consultas” sobre a nomeação de Bispos pelo Vaticano, algo que o governo chinês sempre considerou “interferência nos assuntos internos”. “O contacto entre nós tem vindo a prosseguir, mas é difícil definir uma agenda para a normalização dos laços”, disse o director da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos, Ye Xiaowen, ao jornal oficial chinês China Daily. Apesar de esta abertura, Ye Xiaowen reiterou a posição de que a normalização dos laços entre as duas partes depende do corte de relações diplomáticas entre o Vaticano e Taiwan e da aceitação pela Santa Sé do princípio de “não interferência nos assuntos chineses”. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos. Após o primeiro Consistório do pontificado de Bento XVI, em que foi criado Cardeal o Bispo de Hong Kong, o secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Arcebispo Giovanni Lajolo, disse que o Papa não recusaria o convite para visitar a China se este lhe fosse feito. Para o prelado, é apenas uma questão de tempo até que o governo chinês acabe por aceitar que não é competência do Estado o controlo das consciências e das opções religiosas. Em Abril, é proposto aos católicos de todo o mundo que rezem em especial “para que, na China, a Igreja possa cumprir com serenidade e plena liberdade a sua missão evangelizadora”. A intenção missionária do Apostolado da Oração ainda é da responsabilidade de João Paulo II, que a propôs, tendo sido assumida por Bento XVI.