O vice-presidente da Associação Patriótica Católica (APC) chinesa, controlada pelo ao governo comunista, disse que o Vaticano pretende ordenar Bispos que se opõem ao regime. Pequim, por seu lado, pretende acelerar a escolha de Bispos “oficiais”, noticia hoje a imprensa estatal. “Enquanto os católicos chineses querem seleccionar aqueles [bispos] com bons conhecimentos religiosos e amor pelo país e pelo povo, o Vaticano quer os que se opõem ao Partido Comunista Chinês”, afirmou Liu Bainian, vice-presidente da APC, citado pelo jornal oficial China Daily. Liu referiu ainda que a APC pretende apressar o processo de selecção e nomeação de Bispos para contrariar o envelhecimento e a falta de religiosos nas dioceses chinesas. Esta Associação foi criada em 1957, para evitar “interferências estrangeiras”, em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina”, ligada ao Papa e fora do controlo de Pequim, conta mais de 8 milhões de fiéis. “A realidade é que o Vaticano apoia os católicos clandestinos na China. Mas, nos últimos anos, tem avançado, pedindo que os clandestinos se mostrem”, declarou Liu Já em entrevista à Agência EFE, este responsável assegurou que “não permitimos que o Vaticano escolha Bispos que se opõem ao socialismo e ao Partido Comunista Chinês” Em Junho passado, Bento XVI criticou as políticas restritivas da China, que”sufocam” a Igreja e dividirem os fiéis entre o ateísmo oficial e um catolicismo “clandestino”. Apontando os sinais de abertura, “é verdade que, nos últimos anos, a Igreja tem gozado de uma maior liberdade religiosa”, o Papa referiu-se ainda à existência de “sérias limitações” que “sufocam a actividade pastoral”. Na “Carta aos bispos, presbíteros, pessoas consagradas e fiéis leigos da Igreja católica na República Popular da China”, o Papa apelava à unidade e reconciliação. Ciente de que a plena reconciliação “não poderá acontecer de um dia para o outro”, o Pontífice lembra que este caminho é “sustentado pelo exemplo e pela oração de tantas “testemunhas da fé” que sofreram e perdoaram, oferecendo as suas vidas pelo futuro da Igreja católica na China”. A Santa Sé e a China não mantém relações diplomáticas desde 1951. Na Carta muito esperada, Bento XVI assegurou que a Igreja “convida os fiéis a ser bons cidadãos, colaboradores responsáveis e activos a favor do bem comum do seu país”. Mas “é também claro ser obrigação do Estado garantir aos seus cidadãos católicos o pleno exercício da sua fé, no respeito de uma autêntica liberdade religiosa”. Uma das exigências da China para restabelecer relações com o Vaticano é que o Papa não “interfira” na nomeação de Bispos. A segunda condição é que o rompa os seus laços diplomáticos com Taiwan. “Não podemos esperar que Roma e Pequim estabeleçam relações para nomear Bispos. A missão da Igreja Católica na China é transmitir a Palavra de Deus”, disse Liu. Na actualidade a China conta com 70 bispos “oficiais”, metade na faixa dos 40 anos. Das suas 97 dioceses, 40 estão sem bispo.