Viúva brasileira de 80 anos dá saco cheio de moedas para os Cristãos perseguidos

A viúva pobre que se encontra nas páginas do Evangelho, reapareceu agora no Brasil na figura de uma mulher de 80 anos, a senhora Aparecida de Oliveira, que foi poupando moedas à sua magra reforma para aliviar o sofrimento dos Cristãos perseguidos no mundo. Uma história impressionante de amor ao próximo que é também uma lição de vida. A verdadeira fortuna não está na conta bancária, mas sim no tesouro de um coração enamorado por Deus…
Aparecida de Oliveira é pobre e viúva. A magreza da sua pensão de reforma leva-a, há anos, a contar todas as moedas para ter pelo menos sopa até ao fim do mês. Aos 80 anos, esta mulher, cujo nome é uma homenagem à Padroeira do Brasil – Nossa Senhora da Aparecida – já conheceu grandes vicissitudes na vida. Ter perdido o marido é uma delas. Perdeu o marido, o companheiro, a pessoa com quem sonhou a família, com quem planeou tudo, com quem festejou o nascimento de oito filhos, com quem também chorou e se inquietou quando um deles, uma menina, nasceu surda e muda. A morte do marido deixou um vazio difícil de preencher, mas o coração de Aparecida, enamorado por Deus, não a abandonou. Profundamente religiosa, esta mulher há muito que lia a revista “Eco do Amor”, a publicação mensal do secretariado brasileiro da Fundação AIS. Todos os meses, sempre que folheava a revista, ela inquietava-se com as histórias trágicas de violência contra os Cristãos, com as notícias de perseguição, as barbaridades que vão sendo cometidas um pouco por todo o mundo contra esta comunidade religiosa. Aparecida inquietava-se e rezava por eles. Mas sentia que tinha de fazer mais alguma coisa. Que tinha de ajudar.
A pobre renúncia diária de uma pobre viúva
Todos os meses, Aparecida de Oliveira já ajudava a Fundação AIS. Era benfeitora. Mas isso parecia-lhe pouco face ao muito que os Cristãos sofrem no mundo. O seu coração pedia-lhe mais ousadia, pedia-lhe mais generosidade, e foi assim que ela passou a pôr de lado algumas moedas da magra reforma que recebe todos os meses. Eram só umas moedas que ia guardando silenciosamente num saco de plástico. Um simples saco de plástico que ela via, no entanto, como um cofre, um cofre sagrado. “Aquelas moedas eram sagradas para mim. Não lhes mexia de jeito nenhum. Elas estavam comigo, mas eram já da Fundação AIS.” Em Novembro do ano passado, o secretariado brasileiro da AIS organizou, como de costume, uma Missa para os Benfeitores, e que foi celebrada desta vez no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Era perto de casa. E Aparecida apareceu, levando consigo o seu saco cheio de moedas. Era pesado, mas ela decidiu não contar quanto valia. Era dado do coração e Deus, certamente, sabia isso. O resto, o valor em si, era o menos importante. E, na primeira oportunidade, entregou o saco, o seu pequeno grande tesouro, a Frei Rogério Lima, que é o assistente espiritual da Fundação AIS no Brasil. Ele deve ter olhado de tal modo para o saco, com curiosidade, que Aparecida lhe confidenciou ao ouvido o que era, o que representavam aquelas moedas, que eram no fundo a pobre renúncia diária de uma pobre viúva. A história comoveu o frade e ele, na homilia, contou-a em traços largos para explicar que todos nós, tal como Aparecida de Oliveira, temos, mesmo na mais profunda pobreza, a possibilidade de nos doarmos aos outros.
Duas viúvas com o coração cheio de Amor
É impossível não reparar na similitude entre a história desta mulher viúva e a da viúva pobre dos Evangelhos que depositou no cofre do templo apenas duas moedas. Duas moedas que, disse-o Jesus, valiam mais do que todas as fortunas que pudessem ser oferecidas por quem tinha muito, pois ela, a viúva, dava não do que lhe sobrava, mas tudo o que possuía. Duas viúvas, a do Evangelho e a do Brasil, ambas pobres, ambas praticamente sozinhas, mas ambas enamoradas de Deus e com um coração cheio de Amor. A Fundação AIS vive exclusivamente dos donativos dos seus benfeitores e amigos. De pessoas como a senhora Aparecida de Oliveira, que consegue sempre juntar nem que seja apenas uma pequena moedinha e que o faz por amor aos Cristãos que são perseguidos, que são violentados, que sofrem no mundo. A história da senhora Aparecida é uma história impressionante de amor ao próximo e é também uma lição de vida. De facto, a verdadeira fortuna não está na nossa conta bancária, mas sim no tesouro dos corações enamorados por Deus…
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt
(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)