Pelé em destaque no Jornal do Vaticano

«Saudade do rei» é o título da entrevista ao maior futebolista de sempre O jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano", coloca em destaque na sua edição desta Quinta-feira uma reportagem especial com o brasileiro Pelé, considerado por muitos o maior futebolista de sempre.

"Saudade do rei" é o título da peça, com chamada de primeira página e que ocupa uma página inteira do jornal.

Pelé concedeu a entrevista ao "Osservatore Romano" a bordo de um navio no mar Mediterrâneo, onde promovia a iniciativa "Golos pela vida", uma instituição em favor das crianças desfavorecidas.

Na entrevista, Edson Arantes do Nascimento faz uma análise do futebol contemporâneo: "O problema é que hoje um jovem jogador começa a jogar pensando quanto dinheiro poderá ganhar. Não importa onde jogará. Um jogador vai para o Real Madrid e beija a camisola. No dia seguinte, muda de equipa e beija o novo uniforme jurando amor eterno. Na realidade, amam somente quem paga mais. E tudo isso é perigoso para o futuro do desporto".

Pelé fala do desporto como uma "oportunidade de integração" e recordou que quando participou no seu primeiro Campeonato do Mundo, aos 17 anos (1958), apenas o Brasil tinha jogadores negros. "Hoje, pelo contrário, muitas selecções europeias convocam jogadores negros. Este é um sinal tangível de uma grande transformação social", analisou.

Num mundo em transformação, Pelé acredita que o desporto pode ajudar as crianças a cresceram saudáveis, longe das drogas e de outros problemas: "Se pensamos no futebol, hoje a FIFA tem mais países filiados do que a ONU. Quero dizer que o futebol, o desporto, às vezes consegue chegar onde a política não consegue. Pensem nos milhões de jogos em todo o mundo. O desporto é realmente um fortíssimo factor de agregação".

Entre lembranças da infância, do relacionamento com o pai e do início da carreira, Pelé falou também do "dom" de saber jogar futebol: "É realmente somente um dom de Deus. Considero-me um homem de sorte, porque pude encontrar e receber a bênção de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Com esses três pontífices, pude falar da vida e de Deus. Foram momentos muito importantes para mim, que ficaram no meu coração".

O Mundial de 1970, o golo 1000 no Maracaná e a preocupação com a violência no futebol são outros temas abordados.

A nova era "galáctica" no Real Madrid foi, como não poderia deixar de ser, uma das questões em cima da mesa. Pelé mostrou-se preocupado com as contratações milionárias, nas quais se inclui a do português Cristiano Ronaldo.

"Só sei que não é justo ou democrático. É o grande que come o pequeno. Talvez seja normal, mas para o futebol é perigoso", declara.

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Agência ECCLESIA

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