Pegar na mochila e partir

Pe. Miguel Ribeiro, cssp

«Chegou a hora de pegar na mochila e partir, cajado na mão, sandálias nos pés, amor no coração, ir pelo mundo fora», assim rezava uma música que um grupo de amigos ligados à Consolata cantava nos meus tempos de jovem paroquiano em Monte Abraão, Sintra. São palavras que apetece voltar a cantar de cada vez que vemos partir tantos jovens (1096, segundo inquérito da Fundação Fé e Cooperação) partir em Missão, para mais perto ou mais longe, todos integrados em ações promovidas por instituições ligadas à Igreja, e não como simples aventureiros. Este é um aspeto pouco lembrado, mas, em minha opinião, dos mais importantes do laicado missionário, pois é a garantia que cada jovem não vai começar nem acabar nada, mas integrar-se e entregar-se àquilo que é a ação contínua da Igreja ao serviço da Evangelização.

Os Jovens Sem Fronteiras (JSF) contribuem com cerca de 75 jovens que durante o ano de 2012 partiram ou vão partir para atividades de voluntariado missionário em Portugal e ‘lá fora’, com permanências que vão desde os 10 dias das “Semanas Missionárias” (SM) até um ano completo no voluntariado de longa duração. A grande maioria dos JSF irá partir durante o mês de agosto, culminando todo um ano de constantes ‘partidas’ de si mesmos em direção aos ‘outros’ que se cruzam nos seus quotidianos: nas salas de aula, nos postos de trabalho, no ambiente familiar ou nos espaços paroquiais. A ‘enviá-los’ está sempre o mesmo Espírito que agora os leva a deixar o conforto do lar ou o descanso de umas férias nalgum paraíso turístico.

Em Cabo Verde estarão 9 JSF acompanhados pelo Pe. Hugo Ventura na paróquia de São Lourenço dos Órgãos. Com o lema Instrumentos de Deus, Ritmo de missão, durante cerca de 30 dias, as horas destes missionários passarão por atividades com crianças, jovens e adultos abordando áreas como a Educação, Saúde, Cidadania e, claro, a Fé!

A nível interno foram quatro os locais escolhidos para as SM. De norte para sul, em grupos que variam entre os 15 e os 20 jovens, a presença missionária JSF far-se-á presente em Izeda (diocese de Bragança-Miranda), Alvite e São Joaninho (Lamego) e Alcoentre (Lisboa). O leque de atividades varia conforme o local, embora o contato com os mais idosos e com as crianças seja quase uma constante. Depois, em função do contexto, as SM podem passar pela colaboração na parte religiosa das ‘festas de aldeia’, pela presença em estabelecimentos prisionais, pela missão porta-a-porta, pela promoção de encontros com os jovens, entre tantas outras coisas que vão sendo suscitadas pelo Espírito.

Tanto as SM como o Projecto Ponte obrigam a um grande trabalho de preparação por parte dos protagonistas. Podemos dizer que são atividades que mexem – e de que maneira – com os jovens que nelas se empenham, antes, durante e depois de a realizarem. Mas não fica por aqui! Qualquer SM ou Ponte acaba por mexer com os amigos, familiares e comunidades cristãs dos jovens envolvidos. Poucos ficam indiferentes ao ver a capacidade de abnegação e adaptação destes jovens às causas que abraçam. E o ‘bichinho’ missionário vai-se espalhando…

«Tornou-se impossível conter este fogo que me queima. O mundo tem de saber que existes, que és Pai, que nos amas», continua a música do início deste artigo. E de facto, em todos os jovens que partem, com muitos ou poucos quilómetros para andar, vai o desejo de partilhar a experiência maravilhosa de conhecer um Deus que amou de tal modo o mundo que nos deu o Seu próprio Filho!

Pe. Miguel Ribeiro, cssp

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Agência ECCLESIA

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