Papa promete acção para que tais casos não se repitam no futuro
Bento XVI pediu hoje perdão pelos “pecados dos sacerdotes”, em particular pelos “abusos sobre os pequenos”, assegurando que a Igreja tudo fará para que não se repitam.
“Pedimos insistentemente perdão a Deus e às pessoas envolvidas, enquanto prometemos que queremos fazer todos os possíveis para semelhante abuso não volte nunca a acontecer”, disse.
O Papa falava na homilia da Missa de encerramento do Ano Sacerdotal, celebrada na Praça de São Pedro, diante de milhares de padres de todo o mundo.
“Precisamente neste ano de alegria para o sacramento do sacerdócio, vieram à luz do dia os pecados dos sacerdotes, sobretudo o abuso sobre os pequenos”, lamentou.
“Se o Ano Sacerdotal fosse uma glorificação da nossa pessoal prestação humana, teria sido destruído por estes acontecimentos”, admitiu mesmo o Papa.
Bento XVI garantiu que “na admissão ao ministério sacerdotal e na formação que prepara para o mesmo faremos todos os possíveis para examinar a autenticidade da vocação”.
“Queremos acompanhar ainda mais os sacerdotes no seu caminho, para que o Senhor os proteja e os custodie nas situações dolorosas e perigosas da vida”, prosseguiu.
Bento XVI considera que os acontecimentos recentes vão ajudar a Igreja a purificar-se.
“Tornarmo-nos gratos pelo dom de Deus que se esconde em «vasos de barro» e que, sempre de novo – e através de toda a fraqueza humana – concretiza neste mundo o seu amor. Por isso, consideramos uma purificação tudo aquilo que aconteceu”, precisou.
[[v,d,1275,]]Para o Papa, “não se trata de amor quando se toleram comportamentos indignos da vida sacerdotal”.
“Tal como não se trata de amor quando se permite proliferar a heresia, a deturpação e a dissolução da fé, como se nós, autonomamente, inventássemos a fé. Como se já não fosse dom de Deus, pedra preciosa que não deixamos arrancar”, acrescentou.
Tal como fizera na véspera, Bento XVI disse que o sacerdócio não é simplesmente um “ofício” e convidou os sacerdotes a fazerem como os pastores e utilizar a vara “contra as nestas selvagens que querem atacar o rebanho”.
“Também a Igreja deve usar a vara do pastor, a vara com que protege a fé contra os farsantes, contra orientações que são, na realidade, desorientações. Com efeito, o uso da vara pode ser um serviço de amor”, referiu.
Bento XVI disse que “Deus cuida pessoalmente de mim, de nós, da humanidade”, pelo que “os padres hão-de ser também pessoas que cuidam pessoalmente dos homens, tornando palpável esta preocupação e cuidado de Deus”.
No final da celebração, o Papa saudou os presentes em várias línguas e pediu “coesão” entre todos os membros do clero, afirmando que “se permanecermos unidos, se permanecermos em Cristo” não “seremos dobrados e espalhados pelos ventos do momento”.
Bento XVI falou aos sacerdotes dos países de língua oficial portuguesa, recordando a todos que “nada jamais substituirá o ministério dos sacerdotes na vida da Igreja”.
“A exemplo e sob o patrocínio do Santo Cura d’Ars, perseverai na amizade de Deus e deixai que as vossas mãos e os vossos lábios continuem a ser as mãos e os lábios de Cristo, único Redentor da humanidade”, concluiu.