Papa manifesta «dor» e «vergonha», assegurando «medidas efectivas» para impedir que estes factos se repitam e para castigar os responsáveis
Bento XVI encontrou-se hoje, 18 de Setembro, em privado, com cinco vítimas de abusos sexuais por parte do clero, na Nunciatura Apostólica de Londres.
Em comunicado, a Santa Sé afirma que o Papa ficou “comovido pelo que as pessoas tinham a dizer e manifestou a sua profunda dor e vergonha pelo que as vítimas e suas famílias tiveram de sofrer”.
Segundo a nota oficial, Bento XVI “rezou com elas e assegurou que a Igreja Católica continua a implementar medidas efectivas destinadas a salvaguarda os jovens”.
O Papa afirmou que os responsáveis católicos fazem “tudo o que está ao seu alcance para investigar as alegações, colaborar com as autoridades civis e levar à justiça os clérigos e religiosos acusados desses crimes hediondos”.
Bento XVI rezou para que as vítimas (quatro mulheres e um homem) possam encontrar “cura e reconciliação” para ultrapassar os traumas do passado e do presente “com serenidade e esperança para o futuro”.
A reunião durou entre 30 a 40 minutos, mais tempo do que foi reservado ao primeiro-ministro David Cameron, por exemplo, e cada vítima pode expor pessoalmente ao Papa os seus sofrimentos.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, precisou que o encontro foi “muito discreto”, marcado por “uma emoção profunda, marcante, intensa”.
Segundo a BBC, três das pessoas que estiveram com Bento XVI eram de Yorkshire, outra de Londres e a última da Escócia.
Bill Kilgallon, chefe da comissão católica nacional para a salvaguarda das crianças, referiu que falou com as vítimas antes do encontro e as sentiu “compreensivelmente emocionadas”.
À imagem do que aconteceu em anteriores ocasiões, a última das quais em Malta, há menos de seis meses, estes encontros não constam do programa oficial e são tornados públicos apenas depois de terem decorrido.
Depois deste encontro, o Papa dirigiu-se a um grupo de profissionais e voluntários que se dedicam à protecção de crianças e jovens em ambientes eclesiais, anunciou o Vaticano, algo que aconteceu pela primeira vez.
Na homilia que proferiu este Sábado, na Catedral de Westminster, Bento XVI falara em “vergonha e humilhação”, manifestando “profunda dor” pelo sofrimento causado às vítimas destes “crimes inqualificáveis”.
Octávio Carmo, Agência ECCLESIA, em Londres