Pe. José Maia critica «país calado»

O sacerdote claretiano do Porto, José Maia, não entende como é que o país anda tão calado face à desfaçatez com que os políticos tem tratado a dignidade da pessoa humana e falta de «sensibilidade social» demonstrada no mais variados sectores, denunciou anteontem à noite no segundo colóquio da Semana Santa de Viana do Castelo em que se procurou reflectir sobre formas actualizadas da via-sacra. Este sacerdote pároco da comunidade da Areosa, nos subúrbios do Porto, assumiu ainda que a Igreja não está isenta de culpa na actual situação de «novas desgraças» que se vivem na sociedade, isto porque falta mui a «dinâmica de comunidade» o que limita o compromisso de partilha que é exigido pela vivência do discipulato de Cristo que nos mandou, antes de mais «fazer», aquilo em que Ele era especialista. Face às novas «desgraças», como o drama do desemprego, os milhares de idosos acamados, cuja contabilidade exacta ninguém sabe, os filhos de pais separados que vivem um crescente insegurança e desorientação que se reflecte muito no abandono escolar, as próprias famílias atormentadas com caminhos divergentes e dificuldades de relacionamento parental, a Igreja é chamada a «ler os sinais dos tempos» e a apresentar «sinais de esperança». O padre José Maia defende que a Igreja precisa de «mais adrenalina», porque já basta de «naftalina para conservar o antigo», e de «eleger causas e processos pastorais para intervir mais», seja no anúncio da mensagem de amor e perdão, seja na denúncia profética das situações. Somos chamados, prosseguiu, a «sinalizar os caminhos de Deus» porque o «nosso Deus é um Deus de oportunidades», defendendo que a Igreja deve ser a «escora da família». O campo não está fácil, explicou aquele sacerdote que tem sido um dos rostos da luta social da Igreja portuguesa, porque estando Portugal a viver uma autêntica «via-sacra» os políticos não querem denuncias e vão ao ponto de proibir uma televisão de «fazer directos de rua porque o povo pode falar». Face à actual situação há que encontrar forma de uma «acção consertada» capaz de «mobilizar solidariedades» para que se possa assistir aos mais necessitados. Apontando casos concretos, entre outros que cabe às comunidades suscitar, falou de uma «rede comunitária de vizinhança», onde na comunidade estão sinalizadas pessoas, com diversas especialidades, disponíveis para acudir à necessidades, ou da exigência de se implementar o conceito de «habitação de interesse social» que permitiria requisitar as casas devolutas há muito tempo para as colocar em condições de servirem para dar assistência aos mais carênciados.

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Agência ECCLESIA

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