Documento do Papa João XXIII «teve um acolhimento ímpar na imprensa internacional»
Lisboa, 10 abr 2013 (Ecclesia) – A Igreja Católica assinala esta quinta-feira os 50 anos da encíclica ‘Pacem in Terris’ (A paz na terra), assinada a 11 de abril de 1963 pelo Papa João XXIII, que viria a morrer menos de dois meses depois.
O documento “teve um acolhimento ímpar na imprensa internacional, suscitando uma reação da opinião pública mundial que, até agora, encontra poucos exemplos análogos na época atual”, sublinha a edição de hoje do jornal ‘L’Osservatore Romano’.
“Os jornais de todos os países, dos Estados Unidos à União Soviética, da França à Alemanha, da Jugoslávia à Polónia, da Inglaterra à Espanha, e ao Japão, dedicaram à publicação espaços muito amplos”, refere o artigo.
No ano anterior à publicação da encíclica viveu-se um momento culminante da chamada Guerra Fria, que opunha os EUA à então União Soviética, com a denominada crise dos mísseis de Cuba.
Na iminência de um conflito nuclear o presidente norte-americano, John Kennedy, dirigiu-se a João XXIII para pedir a mediação entre as duas potências, na esperança de que o beato italiano resolvesse a crise, refere um texto anteriormente publicado pelo jornal do Vaticano.
O Papa enviou uma carta aos líderes da União Soviética, Nikita Khrushchev, e dos EUA, tendo também lançado um apelo público à paz através dos microfones da Rádio Vaticano.
“Paz! Paz! Nós renovamos hoje esta solene súplica. Nós suplicamos a todos os governantes a que não fiquem surdos a este grito da humanidade. Que façam tudo aquilo que está ao seu alcance para salvarem a paz. Evitarão assim ao mundo os horrores de uma guerra, da qual não se pode prever quais serão as terríveis consequências”, afirmou então João XXIII.
Na mensagem para o Dia Mundial da Paz que se assinalou a 1 de janeiro, Bento XVI mencionou o documento do Papa Angelo Roncalli.
“Como escreveu o Beato João XXIII na Encíclica ‘Pacem in terris’ – cujo cinquentenário terá lugar dentro de poucos meses –, a paz implica principalmente a construção duma convivência humana baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça”, assinalou o Papa emérito.
Continuando a basear-se no texto da encíclica, Bento XVI realçou que “a paz é uma ordem de tal modo vivificada e integrada pelo amor, que se sentem como próprias as necessidades e exigências alheias, que se fazem os outros comparticipantes dos próprios bens e que se estende sempre mais no mundo a comunhão dos valores espirituais”.
O Papa emérito terminou a mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2013 com uma oração, igualmente referenciada à ‘Pacem in Terris’.
“Pedimos a Deus, com o Beato João XXIII, que ilumine os responsáveis dos povos para que, juntamente com a solicitude pelo justo bem-estar dos próprios concidadãos, garantam e defendam o dom precioso da paz; inflame a vontade de todos para superarem as barreiras que dividem, reforçarem os vínculos da caridade mútua, compreenderem os outros e perdoarem aos que lhes tiverem feito injúrias”, escreveu Bento XVI.
RJM