Paulo VI pede aos cristãos que deixem de ser surdos e mudos

O Papa Paulo VI viveu o Verão de 1963 cheio de labor. Para além da preparação do II Concílio do Vaticano chegou a fazer duas e três alocuções por dia. Aos domingos ia celebrar nas vilas dos arredores de Roma para estar em contacto com as pessoas. Notava-se que existia um verdadeiro cuidado de Paulo VI em aliar à profundidade da sua doutrina a acessibilidade.

O Papa Paulo VI viveu o Verão de 1963 cheio de labor. Para além da preparação do II Concílio do Vaticano chegou a fazer duas e três alocuções por dia. Aos domingos ia celebrar nas vilas dos arredores de Roma para estar em contacto com as pessoas. Notava-se que existia um verdadeiro cuidado de Paulo VI em aliar à profundidade da sua doutrina a acessibilidade.

Nas audiências gerais, o Papa Montini pronunciava alguns pensamentos sobre um tema escolhido e traduzia-os logo para outros idiomas (inglês, alemão, francês e espanhol). “É nos seus grandes discursos que manifesta um pensamento mais original”, lê-se no Boletim de Informação Pastoral, Nº 26 (Setembro-Outubro de 1963).

A sobriedade e a simplicidade foram duas virtudes cultivadas por Paulo VI até no próprio estilo em que falava e escrevia. Evitava os superlativos, escolhia cuidadosamente a adjectivação e simplificava as fórmulas protocolares. Às vezes, utilizava as metáforas, uma delas ficou nos anais da história: “velha igreja que ama a juventude como a velha árvore ama a primavera”.

Em Agosto de 1963, Paulo VI deslocou-se à Abadia de rito oriental de Roma, (Grottaferrata) onde pronunciou um discurso a apelar à união entre os cristãos: “Vinde! Façamos cair as barreiras que nos separam; expliquemos os pontos de doutrina que nos são comuns e constituem objecto de controvérsia; procuremos tornar o nosso credo comum e solidário; procuremos tornar a nossa união hierárquica, articulada e compacta. Não queremos nem absorver nem modificar o conjunto florescente de Igrejas Orientais; queremos pelo contrário que elas sejam enxertadas de novo na única árvore da unidade de Cristo e aqui o nosso grito transforma-se em oração”. (BIP nº 26).

Continuando a sua alocução em Grottaferrata, o Papa Montini procurou encontrar as dificuldades que retardam a união entre os cristãos, afastando a barreira da surdez de uns e outros como um dos motivos da divisão: “Talvez os católicos ainda não tenham em todos os países um conhecimento perfeito da grande tradição do património religioso dos orientais. Talvez falte a estes últimos conhecer os nossos sentimentos e a legitimidade com que se desenvolveu a nossa tradição, as verdades que devem ser conhecidas por todos os que crêem em Cristo… Somos todos um pouco surdo-mudos. Que o Senhor abra as nossas orelhas e solte a nossa língua”.

Com a segunda sessão do II Concílio do Vaticano a aproximar-se foram dados a conhecer os participantes portugueses. “Anunciaram a sua ida à 2ª sessão conciliar 43 prelados de Portugal metropolitano e ultramarino, incluindo o prefeito apostólico da Guiné e os bispos que foram eleitos após a primeira sessão” (BIP nº 26). Alguns deles publicaram, antes de partirem para Roma, exortações dirigidas ao clero e aos cristãos a propósito da sessão conciliar.

No dia 19 de Agosto de 1963 faleceu, após prolongada doença, o arcebispo de Braga, D. António Bento Martins Júnior. Este prelado não participou na primeira sessão conciliar por motivos de saúde.

LFS 

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Agência ECCLESIA

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