Património religioso tem um futuro brilhante

O director do Departamento do Património da Diocese de Beja disse que o património religioso em Portugal tem “um futuro brilhante”. À margem do “Fórum Arquitectura Religiosa”, promovido pela cooperativa Turel, na Póvoa de Varzim, José António Falcão explicou ao Diário do Minho esta sua afirmação realçando que o património religioso corresponde a cerca de 80 por cento do património português. «Ou seja, quem pretender conhecer a nossa identidade, inteirar- se da nossa cultura, é fundamental ter acesso a este património. Ele constitui um dos principais recursos disponíveis, nomeadamente no âmbito do turismo cultural, ambiental e religioso», disse. No entanto, realçou, há um problema neste momento que é o facto da Igreja estar a enfrentar crescentes dificuldades para conservar o seu património, não só nas regiões do interior, como também nos centros históricos, onde se verifica um envelhecimento da população. Assim, para o arquitecto José António Falcão, «vai ter de haver uma adaptação aos novos tempos, inclusivamente, através da adopção de metodologias que permitam dar um novo funcionamento a algum património que já não tem claramente um uso litúrgico permanente». Por outro lado, José António Falcão defendeu ainda ser fundamental que o restauro e conservação deste património seja entregue a técnicos qualificados. Segundo explicou, «ao contrário do que se possa supor, uma intervenção confiada a técnicos qualificados não é necessariamente mais cara do que a realizada por outro tipo de profissionais que não têm essa especialização». «Um profissional da conservação e restauro vai essencialmente preocupar-se com a chamada conservação preventiva, ou seja, suster a degradação, manter a integridade física daquele bem cultural que está em risco. Depois, poder- -se-á, para determinados imóveis ou outros objectos que tenham problemas severos, passar- se a uma fase de restauro. O pseudo profissional destas áreas, pelo contrário, tem tendência a alindar, a deixar perfeito e, portanto, vai fazer intervenções mais profundas e, infelizmente, também com resultados negativos», disse. A directora do IPPAR/Norte apelou, por sua vez, à necessidade de se conservar o património arquitectónico, efectuando algumas operações de limpeza e manutenção duas vezes por ano, como forma de evitar a degradação. Na sua opinião, a nossa sociedade de consumo perdeu certos hábitos do passado que eram saudáveis para a conservação dos edifícios. «Relativamente aos edifícios, nós temos de ter uma atitude conservadora e uma das coisas fundamentais é a manutenção. Se nós não mandarmos limpar os telhados e os algerozes, eles entopem com folhas ou com uma pomba morta e temos problemas gravíssimos no interior», disse Paula Silva. O problema, sustentou, é ainda mais grave quando falamos em edifícios antigos, com patologias mais complicadas e muitas vezes não habitados. «Temos de voltar a pensar na manutenção de duas vezes por ano, limpando, por exemplo, os telhados e os drenos», acrescentou. Questionada sobre a situação do património na região é necessária muita conservação. «Temos uma património fantástico, em quantidade e em qualidade, e tem havido esforços muito grandes na conservação e requalificação, mas há um trabalho imenso a fazer e que terá de haver sempre», salientou. Sobre o Fórum Arquitectura Religiosa, que terminou ontem na Póvoa de Varzim, Mons. Eduardo de Melo Peixoto traçou um balanço muito positivo da iniciativa que reuniu mais de 200 pessoas, a grande maioria das quais arquitectos e estudantes de arquitectura. «Sem dúvida que a arquitectura é fundamental e sabemos que, no campo religioso, a arquitectura é também essencial. Temos um património religioso construído muito grande e a carecer de intervenção», disse. Por outro lado, salientou o presidente da Turel, há também a questão das novas construções. «Hoje, têm-se construído muitos estádios, mas não se têm construído catedrais », disse. Para este responsável, uma das obras fundamentais já deste novo século é a igreja da Santíssima Trindade de Fátima, arquitectada por Alexandros Tombazis, que esteve presente no fórum.

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