Património: Produtos turísticos desenvolvem regiões e valorizam História religiosa

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios assinala-se hoje

Lisboa, 18 abr 2015 (Ecclesia) – A aposta em produtos turísticos de conhecimento e valorização do património religioso está a impulsionar o desenvolvimento regional em Portugal e a promover uma maior identificação das populações com a sua história local.

Nascido há cinco anos, fruto de uma parceria entre a Arquidiocese de Évora e a autarquia local, a ‘Rota das Igrejas’ permite ao público conhecer e usufruir de “valências artísticas, histórias e religiosas” de um património que se encontrava fechado e que um grupo de voluntários propõe apresentar mensalmente aos sábados de manhã.

“Os primeiros amigos da Rota foram os eborenses. Imediatamente se identificaram com o projeto, redescobrindo e reconhecendo o valor do que esteve desde sempre ao seu lado”, explica à Agência ECCLESIA Estela Cameirão, arquiteta que integra a equipa dinamizadora da Rota das Igrejas.

A arquidiocese alentejana “sempre teve interesse na divulgação do seu património religioso” apesar de “nem sempre dispor dos recursos necessários para o efeito”.

“A Rota das Igrejas é a prova de que voluntariamente, com desejo e vontade, se pode fazer muita coisa e que dure. Isto é significativo”, acrescenta.

O sucesso deste produto turístico, já replicado noutros locais, “contraria a ideia” de que os portugueses gostam mais de fazer turismo fora do país.

“Reconhecemos nas freguesias rurais a satisfação dos paroquianos, surpreendidos com a descoberta que fizeram do seu património. Ouvimos amiúde: «afinal a nossa igreja vale tanto, temos mesmo de cuidar» e assim restabelecem-se laços de pertença aos bens móveis e imóveis fortalecendo o orgulho no seu património”, relata Estela Cameirão.

A Rota das Igrejas foi contactada pelo Turismo do Alentejo e pela autarquia para se associar a outros eventos: “É o reconhecimento de entidades públicas que este projeto tem uma adesão fora do comum e que com o estabelecimento de parcerias, todos ganhamos”.

As parcerias são também apontadas por Rosário Correia Machado, diretora da ‘Rota do Românico’, como um ingrediente de sucesso para um produto turístico.

“Podemos fazer projetos muito interessantes mas se não ligamos todos os elos da cadeia, e entenda-se o alojamento e a restauração que constituem atores importantes da cadeia de valor do turismo, o projeto falha”, explica a responsável por este produto, com uma missão de desenvolvimento regional, que disponibiliza 58 monumentos, com predominância de igrejas e mosteiros, em itinerários nos vales dos rios Tâmega, Sousa e Douro Sul.

A Rota do Românico desenvolve um trabalho que “vai além da preservação e salvaguarda os elementos patrimoniais”.

Nas localidades, para além do envolvimento das entidades económicas, são parceiras as próprias comunidades, as escolas e também as universidades, “promotoras de conhecimento”.

“Trabalhamos o orgulho local e assistimos à descoberta por parte das comunidades do valor artístico e patrimonial que, por força de ter outro uso e de uma apropriação de centenas de anos, era desconhecido”, traduz Rosário Machado.

Apresentado como uma “experiência fundada na História”, a Rota do Românico tem conhecido números de adesão crescente: “Temos um grupo de já nos visitou sete vezes, apresentando sempre vontade de voltar porque descobriram um Portugal e a sua História, associado à gastronomia, à paisagem, aos produtos locais e ao tempo, uma vez que visitar o norte de Portugal na primavera, no verão ou no outono é sempre diferente”.

Segundo a responsável, são produtos semelhantes que ajudam a colocar “Portugal na moda” e que concorrem para uma procura crescente de «touring cultural» baseado “já não só no sol e na praia, mas na história e património”.

LS

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