Valor total orçado em cinco milhões de euros é comparticipado em dois milhões por fundos europeus
Lisboa, 22 jul 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa e o secretário de Estado da Cultura tomaram conhecimento no local do projeto de recuperação e valorização da Sé Patriarcal, com apresentação do núcleo arqueológico e recuperação dos claustros.
“Neste espaço tão exíguo encontram-se uma sucessão de povos, de culturas, até de credos que é impar. No nosso país não conheço num espaço tão pequeno com tanta lembrança, [todos] poderão desfrutar de uma memória viva que é muito útil para a construção e reconstrução da nossa sociedade”, começou por destacar D. Manuel Clemente sobre um “ganho muito grande”.
Esta terça-feira nos claustros da Sé de Lisboa, o cardeal-patriarca observou que a sociedade vive um momento em que precisa “ganhar consciência” do que foi, é e “há de ser”.
A construção do reinado de D. Dinis, único gótico em Lisboa, contém vestígios de várias civilizações, como fenícios, romanos, islâmicos e medievais.
Durante a visita às escavações arqueológicas foram indicadas casas, um pavimento romano, um espaço de possível apoio à antiga mesquita, lojas e espaços medievais.
O secretário de Estado da Cultura revelou que a obra tem o custo de cinco milhões de euros, ainda não se sabe quando começam, tendo depois o prazo de 18 meses para serem concluídas num lugar “central” da cidade, da “religiosidade portuguesa” e “história comum”.
“A obra não vai poder começar em menos de um ano, ano e meio. Não é possível em termos de procedimentos legais, a disponibilização efetiva das verbas europeias. É o normal para este efeito”, disse Jorge Barreto.
O responsável político contabilizou que os “fundos europeus” são de dois milhões de euros e o restante valor, que estão “agora a definir”, vai ser dividido pela Igreja e pelo Estado português.
“Temos a consciência que o montante total da obra é o referido, a compartipação comunitária tem esse limite”, acrescentou o secretário de Estado da Cultura.
Aos jornalistas, D. Manuel Clemente acrescentou que não sabe qual o valor com que a Igreja vai participar que, neste momento, são “pormenores técnico-financeiros”.
“Com a boa vontade de todos, apesar das atuais circunstâncias e dificuldades, com certeza que iremos chegar a bom termo. O que interessa é esta ideia comum de proporcionar à cidade e à sociedade portuguesa um espaço único para a sua memória viva”, desenvolveu, recordando que as escavações começaram quando era cónego da Sé.
O arquiteto Luís Adalberto Reis, responsável pelo projeto, explicou que o claustro vai recuperar a sua dimensão arquitetónica e espiritual, “perdida pelas escavações arqueológicas”, vai ser tapado por uma laje que no meio vai ter uma “fonte”.
Vão também construir em cripta um espaço de receção ao turista, apoio aos visitantes e de guia ao percurso das visitas às ruínas; e o espaço museológico que vai expor “todos os achados revelados nas escavações”.
O projeto prevê ligações entre pisos feitas por uma “escada compacta” e um elevador e, a pensar na acessibilidade de todas as pessoas, vai ser aberta uma porta para a Rua das Cruzes da Sé.
Para além do terramoto de Lisboa, a torre sul ter desabado sobre a nave principal e o altar-mor, o claustro foi “extremamente danificado” pelo incêndio que “cozeu e recozeu” as pedras que mudaram a “sua característica e capacidades de resistências”.
“Vai ser tudo reconsolidado, vamos intervir nos rins das abóbadas”, acrescentou ainda Luís Adalberto Reis que garantiu “circuitos exclusivamente dedicados aos visitantes e espaços mais reservados ao culto e liturgia”.
CB