Congresso internacional destaca especificidades destes edifícios em Portugal
Faro, 08 abr 2011 (Ecclesia) – Historiadores e investigadores deixaram esta quinta-feira, em Faro, várias indicações sobre as dimensões que consideram necessárias para entender as catedrais católicas.
No primeiro dia do congresso internacional Rota das Catedrais, que decorre até 9 de abril, Eduardo Carrero Santamaría, da Universidad Autonoma de Barcelona, alertou para a necessidade de se conhecer o calendário litúrgico para se compreender a história e a cultura destes edifícios.
Paulo Varela Gomes, da Universidade de Coimbra, aludiu, por seu lado, às diferenças entre a estrutura arquitetónica em Portugal, Espanha, França, Itália e Inglaterra, evidenciando o coro alto como expressão arquitetónica exclusiva portuguesa.
Manuel Teixeira, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, analisou o tema «A catedral e o ordenamento urbano. Os casos do Funchal e de Angra do Heroísmo», destacando o papel dos edifícios religiosos na implantação de outros edifícios e na valorização e reformulação da malha urbana.
Já Paulo Almeida Fernandes, do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto, abordou o tema «Românico: o tempo das catedrais» e salientou o facto de para a construção das catedrais convergirem “os melhores artistas”, no “topo da carreira artística”.
Este especialista identificou três grupos de catedrais: de peregrinação (Braga e Porto), a via de influência normanda (Lisboa, Coimbra e Évora) e as da Beira (Viseu, Guarda e Idanha-a-Velha).
José Custódio Vieira da Silva, do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, analisou «Os tempos góticos das catedrais portuguesas» referindo-se aos claustros catedralícios como “um dos espaços fundamentais de vivência da cidade” que serviriam para espaço funerário, sepultamentos, reuniões do cabido e capelas de confrarias.
O conferencista apontou a catedral de Silves como a primeira sé gótica construída de raiz em Portugal, lamentando no entanto que, no país, não haja uma obra gótica “do princípio ao fim”.
Cátia Santos, que apresentou o tema «As Sés Joaninas: arquitetura episcopal portuguesa na segunda metade do século XVI», apresentou levantamentos das sés de Miranda do Douro, Leiria e Portalegre, tendo identificado os aspetos comuns gerais e as diferenças entre eles.
“Há muita austeridade na imagem destas igrejas”, constatou, apresentando ainda algumas possibilidades para o projeto original da sé de Miranda, que considerou ter sido encurtado.
O congresso reúne cerca de 80 participantes, com a presença de especialistas portugueses e internacionais, bem como representantes de instituições ligadas à investigação, ao turismo, municípios e Igreja Católica.
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