Iniciativa da Igreja Católica já permitiu colocar cerca de 800 mil registos bibliográficos religiosos à disposição na internet
Lisboa, 22 abr 2013 (Ecclesia) – A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra é a mais recente parceira do projeto Cesareia, através do qual a Igreja Católica está apostada em divulgar e potenciar o património bibliográfico de natureza religiosa existente no país.
Em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais classificou a adesão da biblioteca setecentista como “uma excelente notícia” e uma motivação extra para quem quer colocar a herança literária cristã cada vez mais “à disposição” das pessoas.
“Trata-se de uma biblioteca do Estado, sem ligação institucional à Igreja, mas em razão dos seus conteúdos e da sua história, faz todo o sentido recebê-la e integrá-la no nosso catálogo”, realçou D. Pio Alves.
A presença daquele acervo “emblemático” no projeto Cesareia foi confirmada ao bispo auxiliar do Porto durante o 3.º Encontro Nacional sobre a Biblioteca e o Livro em Instituições Eclesiais, que decorreu precisamente no meio do arquivo literário do Palácio de Mafra.
Teresa Amaral, responsável por aquele espólio desde 1994, adiantou que, numa primeira fase, “serão introduzidos cerca de 15 mil livros” no catálogo online desenvolvido pelo projeto Cesareia, lançado em 2008.
Para além da promoção do património literário religioso, o trabalho coordenado pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais pressupõe a formação técnica e a requalificação dos recursos humanos que lidam diariamente com aquele tipo de obras.
Até agora, já aderiram perto de três dezenas de bibliotecas sobretudo ligadas a instituições da Igreja, como dioceses, seminários, ordens eclesiásticas e escolas católicas.
De acordo com Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, o projeto Cesareia registou um crescimento “significativo” nos últimos meses, especialmente junto das “instituições com mais dificuldades em assegurarem a correta preservação dos acervos”.
“Estamos a conseguir iniciar a catalogação em algumas instituições e a fornecer o apoio necessário, isto com o objetivo final de engrossar um catálogo coletivo que tem vindo a aumentar bastante, com mais de 800 mil registos neste momento disponíveis online”, salienta aquela responsável.
Apesar desta evolução, a Igreja Católica ainda tem um caminho “considerável” a percorrer para conseguir reunir todas as bibliotecas religiosas no mesmo banco digital de dados.
Segundo D. Pio Alves, os principais obstáculos residem na “escassez de meios financeiros, humanos e tecnológicos das dioceses”, mesmo tendo em conta o preço “acessível” a que está a ser disponibilizado o software utilizado para a catalogação e colocação online dos conteúdos.
JCP