D. José Policarpo esteve ao lado de Jorge Mario Bergoglio até ao momento da eleição
Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Roma, 14 mar 2013 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje em Roma que o novo Papa vai ter de enfrentar no Vaticano uma “estrutura pesadíssima” e deixou votos de que Francisco a possa “simplificar”, admitindo que a escolha é surpreendente.
“Estas surpresas penso que têm o dedo de Deus, são o anúncio de um desafio para a Igreja de se purificar, de se simplificar”, disse D. José Policarpo, em conferência de imprensa, um dia após o final do Conclave
O argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, arcebispo de Buenos Aires, foi eleito como sucessor de Bento XVI ao quinto escrutínio do Conclave, após pouco mais de 24 horas de votações à porta fechada, na Capela Sistina.
Para o patriarca de Lisboa, a “grande promessa” do próximo pontificado é “uma simplificação da vida da Igreja e das suas estruturas, da maneira de estar no mundo, a partir dos valores evangélicos”.
Após afirmar que o Papa “nem sabe onde se meteu”, D. José Policarpo mostrou-se confiante na “capacidade pessoal” do sucessor de Bento XVI para conviver com a “estrutura pesadíssima” onde está inserido.
O patriarca de Lisboa diz que o Papa Francisco já mostrou ser capaz de “afirmar a diferença” e de “romper”, logo no momento de escolher as vestes e apresentar-se ao público.
Sobre o trabalho de reforça estrutural na Igreja Católica, o cardeal português disse que “é uma batalha difícil” para a qual o Papa “vai ter muitos apoiantes”.
“Está tudo preparado se ele quiser grandes mudanças”, declarou.
D. José Policarpo elogia a “sensibilidade muito grande aos pobres” do Papa argentino, lembrando que ambos foram criados cardeais a 21 de fevereiro de 2001.
“O acaso da nossa vida eclesial fez com que nos encontrássemos muitas vezes”, disse, destacando a formação filosófica e teológica do agora Papa Francisco.
Os dois cardeais estavam um a seguir ao outro na chamada “ordem da precedência” que foi utilizada nos juramentos e votações do Conclave, sentando-se lado a lado na Capela Sistina “até ao momento em que lhe bateram palmas”, após a eleição.
“Foi tudo muito simples, a seguir, ele é um homem muito caloroso, muito afável, não me pareceu nada atrapalhado, antes pelo contrário, quando ficou vestido de branco estava ainda mais à vontade”, referiu.
PR/OC