D. José Policarpo reconhece momento «particularmente difícil» e convida à partilha de bens para reforçar fundo diocesano
Lisboa, 14 fev 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa desafiou hoje os católicos a integrarem o lote das “vozes” que estão a tentar “suscitar a esperança” num momento de crise, em Portugal, que considera “particularmente difícil”.
“A esperança exprime a fé no concreto da vida presente. Só a esperança teologal nos ajuda a não ‘desesperar’ quando o sofrimento nos bate à porta”, assinala D. José Policarpo na sua mensagem para a Quaresma deste ano, divulgada pela página do Patriarcado de Lisboa na Internet.
No documento, o responsável anuncia que o destino da chamada renúncia quaresmal, em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, será o fundo diocesano ‘Igreja Solidária’, visando “ajudar os que têm menos” e os que “foram mais atingidos pela atual crise”.
“Encontraremos formas de ligar mais ao concreto, garantindo que cada comunidade possa destinar aquilo que recolhe aos necessitados da própria comunidade, sem esquecer que a verdadeira dimensão desta família de irmãos é a Diocese, e que uma organização diocesana, garantida pela Caritas, é conveniente e necessária”, escreve.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinha que o “amor fraterno” a que os católicos são chamados “não é redutível a esquemas impessoais de solidariedade” e não se deve limitar às “necessidades materiais”.
“Eu posso matar a fome aos meus irmãos, mas não ficarei bem com a consciência se nada fizer para os ajudar a recuperar espiritualmente o caminho da vida”, observa.
Nesse sentido, D. José Policarpo pede que o tempo de preparação para a Páscoa seja de “aprofundamento da fé, pessoal e comunitária”.
“Quem não vive a fé, torna-a mais fraca, menos segura, mais exposta às dúvidas; quem progride na fé, torna-a mais sólida, atitude inabalável, que vive a dúvida como um desafio, e enfrenta, sem vacilar, as diversas compreensões da vida que, hoje mais do que nunca, nos são dirigidas pelas vozes do mundo”, escreve.
Para o patriarca de Lisboa, a fragilidade da fé é “a sua rotina, é a tibieza nos sentimentos, é a sua redução a tradições, que se vão esfarelando no embate com as vozes do mundo”.
A Quaresma, que este ano começa a 22 de fevereiro (quarta-feira de Cinzas), é um período de 40 dias – excetuando os domingos – que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.
OC