Patriarca de Lisboa fala em «tempos difíceis»

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alerta para «imerecida penúria» de muitas pessoas

Fátima, Santarém, 11 nov 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou hoje que a Igreja Católica tem de estar atenta aos “tempo difíceis” que afetam o mundo do trabalho e a “imerecida penúria” de muitas pessoas.

“Outro ponto que não poderíamos esquecer prende-se com a grave problemática que envolve o trabalho e a sua necessidade para o sustento e a realização da humanidade de todos e de cada um. Vivemos e sofremos tempos difíceis a este respeito”, disse D. Manuel Clemente, no discurso de abertura da 183ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorre em Fátima até quinta-feira.

Para o presidente da CEP, este é um “autêntico desafio civilizacional” com impacto na “sociedade que urge construir, com menos ganhos e dispêndios de alguns em contraste com a imerecida penúria de muitos”.

D. Manuel Clemente admite a necessidade de “outra organização do trabalho face às profundas mudanças tecnológicas” e às “exigências irrecusáveis de populações inteiras que, na Europa ou batendo à sua porta, pretendem basicamente trabalhar e viver, senão mesmo sobreviver”.

“Sabemos como tudo isto pesa na reflexão e na responsabilidade de governantes e políticos, organizações profissionais e laborais, investigadores económicos e sociais, bem como de todos nós em cidadania comprometida e atenta”, prosseguiu.

A Assembleia Plenária, órgão máximo da CEP, vai analisar uma nota sobre o tema ‘Desafios éticos do trabalho humano’.

“Enquanto responsáveis eclesiais que somos, cabe-nos uma palavra, mesmo que sucinta, para iluminar evangelicamente esta nova ‘questão social’, que tão arduamente nos desafia a todos”, explicou D. Manuel Clemente.

O presidente da CEP aludiu ainda a outro documento que vai estar em cima da mesa, uma carta pastoral intitulada ‘Visão cristã da sexualidade. A propósito da ideologia do género’.

“O cristianismo que professamos retira da revelação bíblica e da experiência geral da humanidade um conjunto de noções e práticas que sempre o definem como vivência e proposta. Vê na complementaridade homem–mulher a base imprescindível do que a humanidade há de ser”, referiu.

O patriarca de Lisboa colocou esta posição em contraponto com “vivências mais individualistas” e desvinculadas dos “padrões básicos da humanidade herdada”.

“Tratando-se da verdade, enquanto adequação racional à realidade, cremos que ela fará o seu curso nas consciências e nas atitudes dos nossos concidadãos, quer nos costumes quer na própria legislação, mais ou menos cedo, mas certamente”, observou D. Manuel Clemente.

O presidente da CEP recordou, por outro lado, que os bispos aprovaram em abril uma nota sobre a “renovação da pastoral da Igreja em Portugal”, que resultou de uma “uma reflexão alargada e até inédita” nas dioceses e institutos, na qual se propunham, entre outros, uma “nova mentalidade” e a “comunhão para a missão”.

“Este articulado pode condensar-se nos temas maiores do reencontro de Cristo e do mundo, para o serviço deste a partir daquele”, acrescentou.

Após o encerramento da assembleia, na quinta-feira, está marcada uma conferência de imprensa, às 14h30, na qual será apresentado um comunicado.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top