Patriarca: Cultura secularista e cristãos estão em «combate»

D. José Policarpo lembra crentes perseguidos noutros países e alerta para «pseudo-abertura» que diminui o cristianismo

Lisboa, 22 Jan (Ecclesia) – O Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirmou hoje que os cristãos devem “travar um grande combate” para conquistar o seu espaço na sociedade actual, face a uma “cultura secularista”.

“A cultura secularista não persegue, mas ataca, vai tentando reduzir o espaço humano para a fé, tornando-se quase uma religião alternativa”, referiu, na homilia da Missa a que presidiu na igreja de São Vicente de fora, reaberta ao público este sábado.

O cardeal pediu “cautela com os homens que procuram reduzir o espaço humano e cultural da fé”.

“Cautela com os cristãos que, para serem ouvidos pelo mundo, não têm coragem para proclamar a mensagem de Cristo”, acrescentou.

Citando declarações de Bento XVI no livro-entrevista «Luz do Mundo», D. José Policarpo indicou que “a nova evangelização supõe um grande combate espiritual”.

“Neste combate, os cristãos fragilizam-se quando, em espírito de pseudo-abertura, adoptam os critérios da cultura secularista e substituem o testemunho e a mensagem da fé por um discurso que o mundo gosta de ouvir”, alertou.

Na celebração litúrgica dedicada a São Vicente, mártir do século IV e padroeiro principal do Patriarcado, foram lembrados “todos os cristãos que hoje, em tantos países do mundo, são perseguidos, por vezes até à morte”.

O Patriarca de Lisboa admitiu que, no Ocidente, a sociedade “eliminou a perseguição violenta contra os cristãos e esse é um progresso de civilização”.

“A Igreja faz parte da cidade e o seu contributo para o bem-comum é reconhecido, embora nem sempre desejado”, prosseguiu.

Nesse sentido, destacou a figura de São Vicente, “protector de Lisboa”, cujas relíquias se encontram na catedral e que, segundo o cardeal lisboeta, “passou a integrar, do ponto de vista cultural, a simbólica da Cidade”.

Vicente, diácono da Igreja de Saragoça, morreu mártir em Valência (Espanha) durante a perseguição de Diocleciano, imperador romano do início do século IV, e o seu culto difundiu-se rapidamente pela Península.

O Mosteiro de S. Vicente de Fora foi fundado em 1147 por D. Afonso Henriques (c.1110-1185), primeiro Rei de Portugal, em cumprimento de um voto dirigido ao Mártir São Vicente pelo sucesso da conquista de Lisboa aos mouros.

D. José Policarpo lembrou as comunidades “moçárabes”, os cristãos que “resistiram e se organizaram sob o domínio muçulmano de parte da Península Ibérica”.

“Nesse longo período de sete séculos, isso exigiu dos cristãos resistência à perseguição, à discriminação social, à sobrecarga injusta de impostos e a uma inevitável aculturação”, precisou, pelo que os moçárabes “encontraram em São Vicente um modelo de integração da perseguição e do sofrimento, na exigência da fidelidade à fé cristã”.

A igreja de São Vicente de Fora foi reaberta ao culto “depois de volumosas obras de conservação”, como referiu o cardeal, e está integrada na sede do Patriarcado.

OC

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Agência ECCLESIA

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