Patriarca apela ao compromisso dos cristãos perante «mutação cultural»

D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa, considera que os cristãos devem “assumir a sua fé como expressão cultural”, particularmente num tempo de profundas mutações. “Não pode haver ruptura entre a fé que se professa e a cultura que inspira os valores éticos da existência. E quando houver conflito entre os valores que a fé inspira e a cultura ambiente, na vida do cristão devem permanecer as perspectivas da fé no exercício e orientação da liberdade”, referiu o Patriarca na 5ª Catequese Quaresmal, hoje proferida na Sé de Lisboa, subordinada ao tema “A fé transforma-se em cultura”. Esta catequese foi proferida hoje, sábado, dado que a tomada de posse de D. Manuel Clemente como Bispo do Porto terá lugar amanhã, 25 de Março. A intervenção de D. José Policarpo foi seguida de Missa de sufrágio pelo Cardeal D. António Ribeiro, no nono ano do seu falecimento. Para o Cardeal-Patriarca, “a fé torna-se cultura, pela acção dos cristãos, quando as suas atitudes são inspiradas nos preceitos evangélicos. Cumprir os mandamentos é a afirmação convincente da verdade que se acredita”. “Actualmente a fragilidade da fé de muitos cristãos exprime-se no divórcio entre aquilo que dizem acreditar e a maneira como vivem. Confessam a fé em Cristo e vivem segundo o espírito do mundo”, alertou. Neste sentido, recordou-se a posição da Conferência Episcopal Portuguesa na Nota Pastoral publicada após o Referendo sobre a despenalização do aborto, na qual se dava conta que “o resultado favorável ao ‘Sim’ é sinal de uma acentuada mutação cultural no Povo Português, que temos de enfrentar com realismo, pois indica o contexto em que a Igreja é chamada a exercer a sua missão”. “O caminho passa pela coerência e ousadia dos cristãos, para pensar a fé no contexto do pensamento contemporâneo e agir corajosamente de acordo com a Palavra do Senhor. Num lago de água salobra não basta querer salvar cada peixe, é preciso mudar a água e isso só acontece agindo culturalmente sobre a cultura”, observou D. José Policarpo. “Cada cristão é, hoje, chamado a ser, pela clareza do pensamento e a generosidade da sua vida, agente de mutação cultural”, concluiu.

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