Pastoral Vocacional: Sacerdotes têm de perder medos e preconceitos

Serviço Europeu das Vocações traçou o rumo a seguir nos próximos tempos

Um testemunho mais forte e corajoso, alicerçado na oração e numa presença fecunda e exemplar junto das comunidades, à imagem de Jesus Cristo: é este o caminho que o padre tem de percorrer, na sociedade actual, se quiser ter uma palavra a dizer no aparecimento de novas vocações sacerdotais.

Esta é a principal conclusão saída do encontro do Serviço Europeu das Vocações (SEV), que terminou ontem em Esztergom, na Hungria, e que tinha como tema “o papel do padre no desenvolvimento da vocação sacerdotal”.

A iniciativa reuniu os diversos agentes nacionais responsáveis pelo serviço das vocações, entre os quais o P. Jorge Madureira, Pe. Jorge Madureira, coordenador do Serviço Europeu de Vocações e secretário da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios (CEVM) do nosso país.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote da Diocese do Porto começou por referir uma ideia que foi transversal a tudo o que foi apresentado, ao longo do encontro: “Desde que o padre seja uma pessoa que, a partir do seu testemunho, se perceba nele uma identidade referenciada a Jesus Cristo, nas suas atitudes, na coragem, na humildade e alegria, sobretudo na conjuntura actual, essa será uma condição fundamental para poder ser pólo de novas vocações”.

A intervenção do padre nas comunidades foi igualmente alvo de análise, por parte dos representantes dos diversos países. É necessário que ele perceba, de acordo com as palavras do Pe. Jorge Madureira, que “a sua própria vocação não é uma coisa pessoal, mas sim inserida numa comunidade, com famílias, com grupos de todos os tipos, com jovens, e é importante que todos esses elementos se revejam nas acções do sacerdote, que ele seja um exemplo”.

Nem sempre é fácil para o sacerdote intervir na sua comunidade, particularmente junto dos jovens. “Continuam a existir preconceitos e resistências entre os presbíteros, em alguns países, no que diz respeito à pastoral vocacional”, diz o responsável da CEVM, identificando pontos como “o medo de fazer a proposta e o acompanhamento, de propor coisas difíceis aos jovens ou de interferir com as suas vidas”.

Os padrões de vida do sacerdote podem não caber na sociedade actual, “mas a sua força de sinal não deve ser neutralizada, na sua dimensão profética que aponta para valores exigentes”, acrescenta.

As resistências que se detectam nos padres também se encontram nos próprios serviços vocacionais de cada país, principalmente naqueles que atravessam maiores dificuldades.

O objectivo será “estimular nesses serviços a atenção para estas dificuldades e um maior cuidado com as vocações, fazendo-os sentir que a Igreja é uma retaguarda forte e que os acompanha”, sustenta o Pe. Jorge Madureira.

A formação de base dos presbíteros também tem de ser revista, na óptica do líder do SEV, “dando a conhecer aos seminaristas a Igreja como comunhão, com todos os seus carismas e ministérios, não apenas ao nível teórico mas também prático”, o que passa por uma formação alicerçada, desde cedo, numa presença forte junto das comunidades.

“Mais do que preparar o jovem para uma missão, é necessário primeiro cuidar do jovem e da dimensão da sua vocação”, conclui.

A importância da oração foi outro dos caminhos apresentados neste encontro – de acordo com um inquérito realizado pela Pontifícia Obra das Vocações, entre 2008 e 2009, todos os países que responderam consideraram que a base de toda a vocação sacerdotal é a invocação, a oração, a busca interior de respostas, alicerçada nessa conversa intima com Deus.

A CEVM vai agora desenvolver todas estas conclusões num conjunto de iniciativas ao longo deste ano, começando já em Agosto, com um encontro geral de formadores vocacionais do pré-seminário e seminário. Em Outubro terá lugar o 7º Fórum das Vocações, em Fátima, onde estarão todos os agentes dos diversos secretariados ligado à pastoral vocacional do nosso país.

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