O tempo é de viragem na Pastoral das Vocações em Portugal. Quem o refere é o Pe. Jorge Soares, coordenador do Serviço Nacional de Vocações (SNV). “Queremos apostar na qualidade, mantendo a serenidade diante dos números e acentuando aquilo que é a estratégia global da Igreja, que é estar ao serviço de todas as vocações”, disse à Agência ECCLESIA. Os Secretariados Diocesanos das Vocações e representantes dos Institutos de Vida Consagrada nas dioceses ficaram a conhecer o SNV, que tinha tomado posse em Outubro. A Comissão Episcopal do Clero, Seminários e Vocações organizou de 5 a 6 de Novembro o Fórum Nacional dos responsáveis diocesanos e religiosos para estudar “O salto de qualidade na Pastoral Vocacional na Igreja em Portugal”. Segundo o Pe. Jorge Soares, a Igreja é chamada a desempenhar o seu trabalho pastoral “sem estar especificamente preocupada com uma categoria vocacional”, seja ela qual for. A CEP apresentou em Abril deste ano o documento “Bases para a Pastoral Vocacional”, no qual se propõe uma “mudança radical” na abordagem aos jovens católicos. Os objectivos das “Bases” são a “renovação e dinamização da Pastoral Vocacional em Portugal”, que consigam englobar todos os agentes deste sector: pais, educadores, escolas, movimentos, institutos de vida consagrada, paróquias, dioceses. O texto constata “a carência de seminaristas e de aspirantes à vida religiosa” e começa por afirmar que a acção na área das vocações “constitui uma prioridade pastoral” e é uma preocupação fundamental. Até 14 de Novembro, a Igreja Católica no nosso país celebra a Semana dos Seminários, ocasião escolhida por muitos dos Bispos diocesanos para lançarem um apelo a todas as suas comunidades sobre a tão propalada “crise de vocações”: pouco mais de 500 estudantes de Filosofia e Teologia preparam-se neste momento para a ordenação presbiteral. Enquanto a hierarquia não se cansa de repetir que o Seminário Diocesano é o viveiro onde se cultivam as vocações para o ministério sacerdotal, um serviço indispensável para as comunidades, questões como o celibato ou a não ordenação das mulheres, em conjunto com uma grande mudança do papel da Igreja na sociedade, levantam questionamentos e perplexidades junto de crentes e não-crentes. Do lado dos actuais responsáveis da Igreja Católica em Portugal o problema tem sido encarado com seriedade. O Pe. Jorge Soares explica que os seminários “procuram estar ao serviço da pessoa e da pessoa toda”. O processo formativo começa institucionalmente com o pré-seminário, passando para os seminários intermédios e concluindo-se nos seminários maiores. “Até se chegar à fase final, há todo um processo que ajuda a desenvolver todos os dons de cada pessoa, assumindo os valores da escola do Evangelho”, destaca o coordenador do SNV. As mudanças na organização da vida dos seminários e do trabalho vocacional começam a ser visíveis, em função destas preocupações. “O objectivo é o de sensibilizar todos os sectores e todos os agentes da pastoral para a sua missão de formadores vocacionais”, explica o Pe. Jorge Soares.