Responsável do Instituto de Estudos Políticos advoga «reforma urgente» da ONU
Fátima, 18 out 2022 (Ecclesia) – Mónica Dias, vice-diretora do Instituto de Estudos Políticos da UCP, disse hoje à Agência ECCLESIA que o contributo das mulheres nos processos de paz poderia ser um fator “diferenciador”, a nível mundial.
“Seria um fator muitíssimo diferenciador, porque as mulheres são aquelas que mais sofrem com a guerra – além da destruição, são vítimas de agressão, de violações, de tráfico humano”, indicou a docente da Universidade Católica.
A especialista falou esta terça-feira sobre o tema ‘Um mundo em guerra?’ aos participantes no 34.º Encontro da Pastoral Social, que decorre até quarta-feira em Fátima.
Mónica Dias destacou que, em cenários de conflito, são as mulheres que cuidam dos outros, pelo que sabem “o que é necessário para a reconstrução da paz”.
“Quando são feitas as negociações, as mulheres são sistematicamente excluídas, não estão à mesa, e é negociado algo que não é tão importante para a reconstrução das sociedades”, apontou a vice-diretora do Instituto de Estudos Políticos.
A professora universitária recordou o exemplo das mulheres que, em vários países, conhecem percursos de acesso à água potável que os homens desconhecem.
“Esse aspeto é esquecido e a reconstrução não é possível”, indicou.
Mónica Dias aludiu ainda aos desafios da ONU, como “soma das vontades” dos seus Estados-membros, defendendo uma “reforma urgente”, em particular no que diz respeito ao seu Conselho de Segurança.
A especialista pediu que populações e responsáveis políticos superem uma atitude de “cinismo” perante as organizações internacionais, procurando dar o seu contributo para as melhorar.
Questionada sobre a guerra na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, após a invasão russa, a docente da UCP disse que o conflito “não se vai normalizar”, face às implicações que tem na vida concreta dos portugueses e no cenário internacional.
“Se deixarmos passar agora, a Rússia vai aumentar e entrar por outros territórios”, alertou.
Mónica Dias defendeu um “jornalismo da paz”, capaz de mostrar que o mundo vive mais do que guerras e violência, dando voz a quem procura “boas soluções”.
“Podemos muito mais facilmente contribuir para a paz do que para a guerra”, concluiu.
O 34.º Encontro da Pastoral Social, com o tema ‘A pandemia, a guerra e os pobres’, é uma organização conjunta do Secretariado Nacional da Pastoral Social e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.
PR/OC