D. José Traquina assume «grande preocupação» com a sustentabilidade das Instituições Sociais
Fátima, 17 out 2022 (Ecclesia) – D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), disse hoje em Fátima que o impacto da crise económica em Portugal afeta sobretudo “as pessoas com menos rendimentos.
“Já estamos a viver as consequências da guerra, com grande impacto na vida das famílias e das Instituições Sociais”, referiu o bispo de Santarém, na abertura do encontro da Pastoral Social, que decorre até quarta-feira com o tema ‘A pandemia, a guerra e os pobres’.
O responsável católico apontou ao aumento da inflação, que levou a um maior número de pedidos de apoio, nas Cáritas Diocesanas e paroquiais.
D. José Traquina manifestou “grande preocupação” com a sustentabilidade das instituições, questionando os aumentos nas “diferenças de rendimentos” e a “desvalorização da pessoa”, dos idosos, dos doentes, dos pobres.
“É preciso reconhecer que uma sociedade desenvolvida e justa tem de incluir todos”, insistiu.
O bispo de Santarém elogiou o setor da Pastoral Social e todos os seus responsáveis, sublinhando que esta “não parou”, nem durante a pandemia nem com a guerra na Europa.
Já o presidente da Comissão Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, assinalou que a ação social faz parte da missão da Igreja, “ao encontro daqueles que precisam”.
O bispo de Leiria-Fátima alertou para o impacto da pandemia e da guerra, que “aprofundou o fosso entre quem tem e quem não tem”.
“As suas consequências estão a cair dramaticamente, sobre o mundo todo”, precisou.
No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, D. José Ornelas declarou que, “num mundo que se quer próspero, não pode haver lugar para bolsas de miséria”.
O presidente da CEP apelou a uma “nova perceção” da necessidade de uma organização coletiva para fazer o bem, indo além das respostas espontâneas a emergências.
“Nós precisamos de trabalhar mais em rede”, sustentou.
‘Linhas de pobreza e exclusão em Portugal’ foi o tema da conferência de abertura, apresentada pelo economista Nuno Alves, da Cáritas Portuguesa e do Banco de Portugal.
O responsável começou por evocar a mensagem do presidente da República Portuguesa para o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza: “Quase dois milhões de portugueses são pobres e que esta é uma realidade que persiste na nossa sociedade, para a qual temos de olhar com vontade e ambição”.
A “chave” para aferir do impacto da crise, no futuro, será a evolução da taxa de desemprego, indicou o especialista.
Nuno Alves propôs cinco dimensões para a identificação das pessoas em situação de pobreza – participação no mercado de trabalho, privação material, privação social, saúde e habitação – e vários indicadores associados às mesmas.
Os trabalhos desta segunda-feira concluem-se com “uma leitura da realidade” da pandemia e da guerra, por João Pereira, da Cáritas Portuguesa, e José Esperança da Silva, da Cáritas Diocesana de Lisboa.
O 34.º Encontro da Pastoral Social é uma organização conjunta do Secretariado Nacional da Pastoral Social e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.
OC