Pastoral Prisional: Associação «O Companheiro», fundada pelo padre Dâmaso Lambers, tem novas instalações

Patriarca de Lisboa benzeu as novas instalações da associação de inserção de reclusos, ex-reclusos e suas famílias, no 38º aniversário d’«O Companheiro»

Lisboa, 14 fev 2025 (Ecclesia) – A Associação ‘O Companheiro’, comunidade de inserção de reclusos, ex-reclusos e suas famílias, fundada há 38 anos pelo padre Dâmaso Lambers, inaugurou novas instalações, esta quinta-feira, 13 de fevereiro, um edifício em Benfica, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa.

“O objetivo desta obra não é apenas uma promoção de condições de vida, é a possibilidade de dar a alguém uma vida nova, um recomeço”, disse D. Rui Valério, que benzeu as novas instalações da Associação ‘O Companheiro’, informa o Patriarcado de Lisboa.

O município de Lisboa informa que as novas instalações da Associação ‘O Companheiro’, uma residência masculina, tem capacidade para 29 camas – quartos individuais, duplos e triplos – para ex-reclusos, com espaços de formação e serviços de apoio social, jurídico e psicológico, e resultou de “um investimento municipal superior a um milhão e setecentos mil euros”.

“O primeiro porto seguro após anos de tempestade; a casa não é um fim, para tantos, é a primeira página de uma nova história; a casa da esperança”, realçou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Carlos Moedas destacou que a Associação ‘O Companheiro’ “é o exemplo perfeito de um trabalho em rede, pelo setor privado e pelo setor público”, e afirmou que “não é possível ser uma cidade inteligente se não for uma cidade cuidadora”.

“É realmente um projeto onde sobressai o que de melhor o ser humano transporta dentro de si, esta disponibilidade de dar a mão ao outro, sobretudo quando este outro é vulnerável, sobretudo quando este outro é alguém que aquilo que encontra na vida são portas que se fecham”, referiu D. Rui Valério.

O novo equipamento, “um edifício digno, ao nível da missão que enfrentam”, situa-se na Travessa da Granja, em Benfica, e foi inaugurado esta quinta-feira, dia 13 de fevereiro, aniversário da IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) destinada à reinserção de reclusos, ex-reclusos e suas famílias.

“Nunca se limitou a dar sopa ou um teto, oferecendo tudo para devolver autonomia a quem a perdeu. Para prevenir a reincidência. Mas sobretudo, para evitar que quem já cumpriu a sua pena de prisão encontre no julgamento social uma pena perpétua”, desenvolveu Carlos Moedas, citado na página online do Município de Lisboa.

O Patriarcado de Lisboa informa que o presidente da República Portuguesa destacou quatro lições, na sessão solene de inauguração, a “primeira lição” chama-se padre Dâmaso, “é um exemplo de como um migrante faz a vida diferente a uma sociedade onde chega”.

“Ele era único. Grande orador, que apaixonava. A sua grande obra foi a dedicação aos outros, porque os reclusos era uma área da pastoral muito difícil. Tinha uma grande coragem e teimosia. E ainda bem que foi teimoso. Se não fosse, havia O Companheiro, mas não havia estas instalações, só no século XXII”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, indicando como “segunda lição a obra d’O Companheiro e do presidente Nuno Abecassis, outro teimoso”, edil de Lisboa, entre 1980 e 1990.

Segundo o chefe de estado, a “terceira lição” são os “aliados” que “é preciso encontrar neste percurso”, e recordou que visitou a associação ‘O Companheiro’, em maio de 2018, uma “visita de despedida”, enquanto a “quarta lição, e a mais importante”: “O que define cada homem e cada mulher é que é capaz de se refazer. Ou acreditamos nisso e falamos em fraternidade, ou não vale a pena”.

“Isto só está a ser inaugurado hoje para acontecer no Ano Jubilar da esperança; a esperança, como nos recordava o Papa Francisco, é transformar tudo na vida – mesmo as dificuldades, mesmo as agruras, mesmo as contradições – em projeto, em promessa e em semente”, assinalou o patriarca de Lisboa.

O novo equipamento social em Lisboa da Associação ‘O Companheiro’, que tem como lema ‘Para que não haja homem excluído pelo homem’, para além do alojamento tem o refeitório e a cozinha, uma sala de jogos e convívio e diversas salas de apoio, oficinas de carpintaria e outras, um banco de roupa.

CB/OC

Foto: RR

O padre Dâmaso Lambers, sacerdote luso-holandês que dedicou a sua vida à pastoral nas prisões em Portugal, como capelão, e voz histórica da Rádio Renascença, as instalações da emissora católica portuguesa têm uma sala de reuniões com o seu nome, faleceu aos 87 anos de idade, a 22 de fevereiro de 2018, em Lisboa.

“Há uma figura que hoje é incontornável, o Padre Dâmaso, que é o pai e o avô desta maravilhosa instituição. Quando nós falamos do Padre Dâmaso, estamos a falar de um homem que era, todo ele, projeto, projeto de entrega, de dedicação”, destacou D. Rui Valério, esta quinta-feira, na sessão de inauguração e bênção.

Por ocasião dos seus 60 anos de ordenação sacerdotal, em 2015, foi lançada a obra ‘Uma vida de doação’, da Paulinas Editora.

O padre Dâmaso Lambers foi um dos fundadores da CONFIAR (Prison Fellowship Portugal) e, em 2011, recebeu uma homenagem da ‘Prison Fellowship International’, pelo seu trabalho de mais de 50 anos em favor dos presos.

No dia 10 de junho de 2009, o sacerdote luso-holandês do Patriarcado de Lisboa foi condecorado pelo presidente da República, Cavaco Silva, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito.

O padre Dâmaso Lambers, ordenado sacerdote na Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, em 1955, chegou a Portugal em 1957, dois anos depois surgiu a oportunidade de ir trabalhar nas cadeias, nos anos 80, em 1987, fundou a Associação ‘O Companheiro’.

 

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