Pastoral Penitenciária: Coordenação nacional homenageia padre João Gonçalves, presença que «não deixava ninguém indiferente»

Autarquia de Aveiro decreta dia de luto municipal, esta quinta-feira

Lisboa, 09 nov 2020 (Ecclesia) – A equipa de coordenação nacional da Pastoral Penitenciária, da Igreja Católica em Portugal, publicou uma mensagem de “dor e saudade” pelo falecimento do padre João Gonçalves, o coordenador nacional deste setor, e a “muita gratidão” de quem “não deixava ninguém indiferente”.

“A delicadeza, a amabilidade, o sorriso, a dedicação e a entrega do Pe. João eram parte do seu caráter que a todos atraía, dando gosto estar junto dele”, lê-se, na nota enviada à Agência ECCLESIA.

O padre João Gonçalves, sacerdote da Diocese de Aveiro, faleceu esta terça-feira aos 76 anos de idade; entre outros serviços, era o coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, um setor onde trabalhou durante mais de 40 anos.

A equipa de coordenação nacional da Pastoral Penitenciária recorda que a sua leitura do Evangelho “não era teórica nas traduzia-se em gestos concretos” com os mais simples e mais frágeis da sociedade, “entre os quais se encontravam, de um modo especial, os irmãos em situação de privação de liberdade”.

“O seu exemplo desafiava-nos constantemente a uma crescente atenção às pessoas em situação de privação de liberdade, suas famílias e contextos, procurando reconhecer neles o rosto de Jesus Cristo: “Estive preso e foste visitar-me!” (cf. Mateus 25, 36)”, desenvolve o organismo católico.

A nota incentiva à união “em sentimentos e em oração recordando o Pe. João”, afirmando que já têm e vão ter “saudades” do que partilharam “em encontros, à mesa, em viagem, na rua, em passeio, em tantos lugares; das suas despedidas em forma de ‘Em Cristo, Presos nos Presos’ e ‘Até já’”.

A Cáritas Portuguesa e a rede nacional Cáritas “vivem com tristeza” o falecimento do padre João Gonçalves e recordam quem “nunca deixou de acreditar e de lutar pela dignidade daqueles que vivem privados de liberdade, das suas famílias e de todos os que trabalham no contexto prisional”, e a todos escreveu uma mensagem de solidariedade.

“Ser cristão é ser muito humano para poder alcançar tudo o que tiver a dimensão do sobrenatural. Pe. João paladino da libertação, não só da liberdade, atingiu, com a sua morte, a sua libertação definitiva; Todas as cadeias deste país estão de luto, porque se ausentou o maior defensor dos reclusos e dos que trabalham pela humanização dos estabelecimentos prisionais”, lê-se na mensagem publicada no sítio online da Cáritas Portuguesa.

As cerimónias fúnebres vão lugar esta quinta-feira, na Capela do Seminário de Aveiro; a Missa de corpo presente é presidida pelo bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, pelas 14h00 e o padre João Gonçalves será sepultado no cemitério da Gafanha do Carmo, pelas 15h30.

A autarquia de Aveiro decidiu decretar esta quinta-feira como dia de luto municipal, sublinhando um “momento de profunda tristeza e pesar” para a cidade e seus habitantes, “pela partida de um dos seus bons Homens”.

Também a Câmara Municipal de Ílhavo expressou “o seu mais profundo pesar” pelo falecimento, destacando “o papel humanista e sacerdotal do padre João Gonçalves, nomeadamente na sua missão e preocupação social”.

Natural da freguesia da Gafanha do Carmo, onde nasceu a 28 de março de 1944, João Gonçalves foi ordenado por D. Manuel de Almeida Trindade a 21 de dezembro de 1969, na Sé de Aveiro.

Em 2018, foi apresentada a obra ‘O padre das prisões portuguesas – ensaio baseado na vida do padre João Gonçalves’, da autoria de Inês Leitão, que dirigiu um documentário sobre a vida do sacerdote.

Esta terça-feira, D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, disse à Agência ECCLESIA que o sacerdote foi “uma referência de bem e de cuidado com as pessoas reclusas nos estabelecimentos prisionais”; O padre José Manuel Pereira de Almeida, secretário da referida comissão, evocou, por sua vez, o padre João Gonçalves como “a figura incontornável” no que diz respeito ao cuidado pastoral com os reclusos, em Portugal.

A Diocese de Aveiro assinalou que entre as várias funções que assumiu ao longo dos anos “destaca-se a sua entrega à pastoral social: capelão do Hospital de Aveiro, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, diretor das Florinhas do Vouga e da Casa Sacerdotal. Foi ainda diretor espiritual da Irmandade Santa Joana”.

CB/OC

 

Igreja/Portugal: Faleceu o padre João Gonçalves, coordenador da Pastoral Penitenciária

[Notícia atualizada às 17h36]

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