Pastoral Litúrgica reflectiu sobre a importância da música

Encontro reuniu perto de 1500 participantes. Responsável destaca presença dos jovens e lança críticas aos media da Igreja e a algumas paróquias

Cerca de 1480 pessoas estiveram presentes no 35.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica, que se realizou na última semana em Fátima. «Cantai ao Senhor com arte e com alma» foi o tema aprofundado pelos participantes.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o secretário da Comissão Episcopal da Liturgia realçou o “ambiente formativo” que se viveu entre os dias 27 e 31 de Julho, não só nas conferências, mas sobretudo através dos ensaios, das celebrações e do contacto com os organistas e os “mestres da Liturgia e do canto”.

Em relação aos participantes, o Pe. Pedro Lourenço destacou a adesão dos jovens – mais de 500, divididos entre cantores, organistas e acólitos – e a inscrição de 83 casais. A presença de sacerdotes não chegou aos 10% do total.

Celebrações exemplares

Os dias do encontro começavam com a oração da manhã (Laudes). Depois do pequeno-almoço, seguia-se uma conferência, que antecedia a missa.

Durante a tarde, os participantes dividiam-se em “escolas”, dedicadas ao canto dos ministros ordenados, salmistas, leitores, elementos de grupos corais e assembleia. Realizaram-se também acções formativas dirigidas aos organistas, instrumentistas, responsáveis pela música litúrgica e acólitos. Antes do jantar, rezava-se a oração do entardecer (Vésperas).

A noite de Quinta-feira foi reservada a um concerto com os coros das escolas diocesanas.

As missas e as orações do encontro foram, para o Pe. Pedro Lourenço, “um espectáculo, do ponto de vista celebrativo”. Aquele responsável regozijou-se igualmente pelo aparecimento de novos instrumentos – trompetes, violas, violinos – que foram “maravilhosamente integrados”. “Fazemos um esforço por apresentar celebrações bem feitas”, explicou.

Críticas à comunicação social da Igreja e às paróquias

“É impressionante como a comunicação social da Igreja não está sensibilizada para a tão numerosa participação de jovens, que ‘agarram’ o encontro com tanto entusiasmo”, apontou o responsável da Comissão Episcopal da Liturgia. “Eu estou espantado por termos uma geração de jovens tão unidos à liturgia, e estas coisas não serem ditas”, acrescentou.

Por outro lado, o Pe. Pedro Lourenço lamentou o facto de só ter estado uma estação de televisão da Igreja presente no encontro. Ainda neste âmbito, o sacerdote carmelita criticou a qualidade e o rigor, em termos litúrgicos, das celebrações que são difundidas pelos media: “Assistimos às missas transmitidas pela rádio e pela televisão, e é uma desgraça. Não têm nada a ver com a realidade que é vivida nestes encontros”. “A comunicação social da Igreja, continuou, não está sensibilizada para reconhecer o que é bom, menos bom e mau. E há muita coisa boa por esse país fora.”

O facto de haver paróquias que desprezam os conhecimentos e a aptidão para a Liturgia dos seus membros, também mereceu reparos: “Temos um elenco de organistas de alto gabarito, a maioria jovens, alguns dos quais não estão a ser aproveitados.” Há responsáveis de comunidades que rejeitam esses especialistas, pensando que são “muito eruditos, exigentes e esquisitos”.

E se é verdade que algumas paróquias investem continuamente na presença nestes encontros nacionais, outras há que “estão ao deus-dará”, ignorando a formação oferecida pelo Secretariado Nacional de Liturgia.

Para o Pe. Pedro Lourenço, a melhoria das celebrações litúrgicas terá sempre que integrar quatro vertentes: estudar as orientações da Igreja; investir na formação sobre o sentido do canto na vida humana e como expressão de beleza; fazer com que as comunidades participem unanimemente; acentuar a dimensão solene. Estas dimensões consolidam-se através de um trabalho contínuo – uma “escola” – que passa pelos ensaios e pelo aperfeiçoamento dos critérios da escolha dos cânticos, entre outros aspectos. 

Um exemplo de formação litúrgica diocesana

A Escola Diocesana de Música Sacra de Aveiro (EDMUSA) é uma das instituições que se dedica ao canto litúrgico.

A aprendizagem começa pela formação musical. A segunda fase do ensino consiste na preparação dos alunos para o ingresso numa escola superior de música sacra. A longo prazo, pretende-se que as paróquias tenham músicos profissionais que confiram às celebrações a qualidade recomendada pela Igreja.

O modelo actualmente seguido pela EDMUSA baseia-se numa formação permanente, que vai ao encontro das comunidades. As sessões mensais são itinerantes, terminando com a participação conjunta na missa dominical.

Por outro lado, a escola oferece aos coralistas, salmistas, directores de coro e organistas um ensino que se adequa às suas funções, em moldes e carga horária compatíveis com as suas capacidades e disponibilidade. Para 2009/10, por exemplo, estão previstas três sessões, ao longo de um fim-de-semana, para animadores litúrgicos de missas em que o coro e os instrumentistas são compostos por jovens.

A retoma de um programa de estudos em três anos, que foi encerrado em 2005 por falta de alunos e dificuldades financeiras, será concretizada quando o número de inscrições assegurar o equilíbrio económico e pedagógico desse plano.

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